27.4.25

Uma época perdida



Esta época, por mais fotos bonitas que se tirem às bancadas, por mais publicações sorridentes que se façam nas redes sociais, por mais tentativas de mostrar uma falsa normalidade, é uma época profundamente negativa. Olhar para o que o Rio Ave Clube se tornou — ou melhor dizendo, para o que a sua SAD se tornou — entristece qualquer verdadeiro Rioavista.


A época começou com alguém ao leme que foi quase impingido por quem dirigia o clube na altura, através de uma renovação de contrato ridícula, feita meses antes do início das negociações para a conversão da SAD sem que esta consultasse o investidor. Um ato apressado e intencional que terá levado à SAD a permitir que o mesmo começasse a época. Um erro.
Luís Freire foi dispensado, e, já a meio de uma temporada e sem grande mercado disponível, contratou-se um treinador conhecido apenas por segurar equipas na Primeira Liga — sem grande qualidade de jogo, sem identidade, sem ambição. Mas acima de tudo, apenas para acabar a época, sem qualquer visão futura e de continuidade.

A equipa tornou-se numa verdadeira máquina de lavar roupa: entra quem o investidor quer, sai quem este não quer — muitas vezes de forma lamentável e desrespeitosa. Deixámos de ver uma equipa, uma estrutura, uma família. Hoje, assistimos a um desfile de interesses.

A ligação aos adeptos desapareceu. As decisões que foram tomadas alienaram quem verdadeiramente sente o Rio Ave.
Há um conjunto de pessoas — alguns que nem sequer são sócios do clube — que conseguem pacotes de deslocação mais atrativos do que aqueles que sempre pagaram quotas, bilhetes e viagens com sacrifício e que aconteça o que acontecer, sem eu entender porquê, acabam sempre a bater palmas.

Esta é a nova realidade.
Uma realidade onde até adeptos-ícones, pessoas que em tempos foram escolhidas para representar o clube na SportTV, hoje são silenciadas na bancada.

Uma realidade onde olhamos para o banco e vemos jogadores sem ligação ao Rio Ave, sem amor à camisola, a fazerem frete à espera do próximo clube.

Esta é a nova realidade.
Uma realidade onde nem os membros da administração da SAD sentem necessidade de acompanhar a equipa em todos os jogos. Seja por destituição ou férias.

Esta é a nova realidade.
Uma SAD sem identidade, sem paixão e sem respeito por quem construiu o que hoje tentam transformar num negócio frio e distante.

Que a próxima temporada pelo menos seja de mudança