8.4.25

Derrota dura, mas o cenário não é catastrófico



O Rio Ave perdeu ontem frente ao Boavista por 0-2, numa derrota que carrega consigo vários simbolismos preocupantes.

Em primeiro lugar, perdemos em casa frente ao último classificado da Liga. Em segundo lugar, este Boavista apresentava um registo bastante frágil: nas últimas 16 jornadas tinha apenas uma vitória. E em terceiro lugar, esta foi mais uma derrota que vem agravar aquela que já era a pior série da época para o Rio Ave.

Era, portanto, um jogo que tinha tudo para devolver alguma tranquilidade à equipa. Em caso de vitória, o Rio Ave ficaria a 9 pontos da zona de playoff, com apenas 18 pontos por disputar — um cenário quase de conforto. Ao não pontuar, mantivemos a distância, mas deixámos escapar a oportunidade de respirar com maior segurança.

Nas bancadas, sentiu-se o nervosismo. Muitos adeptos lembraram-se inevitavelmente da fatídica época 2020/2021, ano em que o Rio Ave desceu de divisão via playoff. No entanto, e importa sublinhá-lo, o contexto atual é substancialmente diferente.

À 28ª jornada daquela temporada, o Rio Ave estava a apenas 2 pontos da zona de playoff. Agora, temos 6 pontos de vantagem. Além disso, na altura tínhamos um calendário muito mais complicado: nas últimas seis jornadas defrontaríamos dois grandes em casa. Este ano, os jogos contra os “quatro grandes” já ficaram para trás.

Olhando para os nossos concorrentes diretos, o AVS e o Boavista enfrentam desafios complicados. O AVS joga fora com o Braga e o Benfica. O Boavista recebe o Sporting e o FC Porto. O Farense, que ocupa atualmente o penúltimo lugar, tem em teoria o calendário mais acessível. Contudo, a realidade é que está a 9 pontos de distância e teria de vencer metade dos jogos que lhe restam — tantas como conseguiu em todo o campeonato.

Há ainda outro fator importante: há confrontos diretos entre os nossos adversários. AVS-Boavista e Boavista-Farense garantem que, pelo menos em duas jornadas, uma ou ambas as equipas vão perder pontos. Esses jogos podem ser decisivos na luta pela permanência e beneficiam diretamente o Rio Ave.

Com base nos dados, e se a lógica imperar, o Rio Ave não deverá correr grandes riscos de descer de divisão. Mas quem segue futebol sabe que a lógica nem sempre prevalece. As contas só ficam fechadas quando as probabilidades se tornam certezas. Uma vitória de um dos nossos mais diretos adversários sobre um grande (como aconteceu connosco frente ao Braga por exemplo), deita por terra toda a narrativa que tive.

Faltam-nos seis jogos: três fora (Moreirense, Vitória SC e Nacional) e três em casa (Santa Clara, Estrela da Amadora e Gil Vicente). Acredito que será possível somar os 4 ou 5 pontos que nos faltam para garantir a manutenção com alguma tranquilidade. Este ano, tudo indica que os 33/34 pontos serão suficientes.

A probabilidade de descida é baixa. Mas, por enquanto, é apenas isso: uma probabilidade. Por isso, toda a cautela é pouca. Cabe à equipa garantir, dentro de campo, que a permanência se torna uma certeza matemática — e, idealmente, o quanto antes.