Há episódios que, por muito que se tentem ocultar, não passam despercebidos a quem acompanha verdadeiramente o clube. Este fim de semana aconteceu um desses momentos, e é impossível não o destacar: um erro de gestão que desvaloriza o nome do Rio Ave FC junto das entidades que tutelam o futebol em Portugal, particularmente a Associação de Futebol do Porto.
As seniores femininas do Rio Ave estavam esta época envolvidas em três frentes competitivas: a 2ª Divisão Nacional, a Taça de Portugal e a Taça Distrital do Porto. No entanto, aquilo que parecia uma demonstração de ambição competitiva acabou por se transformar num retrato preocupante de má organização.
O clube decidiu remarcar o jogo do campeonato nacional frente ao Gil Vicente para este fim de semana - estava inicialmente agendado para o mês de Março - (fruto da troca de equipa tecnica?), sabendo de antemão que tinha também agendado o jogo dos quartos de final da Taça Distrital frente ao Romariz Lousada — um encontro importante, uma vez que o vencedor teria pela frente o FC Porto nas meias-finais da competição.
A equipa do Romariz, com o seu calendário apertado e a lutar pela manutenção na Segunda Divisão, deixou claro desde o início que não estava disponível para adiar o jogo. Ainda assim, o Rio Ave insistiu na remarcação do encontro frente ao Gil Vicente, sabendo de antemão que não conseguiria estar presente nos dois compromissos.
Como consequência, o Rio Ave acabou por não comparecer ao jogo da Taça Distrital, perdendo por 3-0 por falta de comparência — uma derrota administrativa que não só impede a equipa de continuar a competir na prova, como levanta sérias questões sobre a imagem que o clube deixa junto da AF Porto.
Qual será agora a posição da Associação? Esta ausência poderá afetar a participação futura da equipa em competições organizadas pela entidade?
Mais grave do que o erro em si, é o silêncio. Nem o clube nem a SAD — que tantas vezes celebraram os bons resultados da equipa na Taça Distrital através dos seus canais oficiais — fizeram qualquer referência a esta situação embaraçosa. O silêncio foi absoluto. Como se nada tivesse acontecido. Mais, divulgaram a vitória frente ao Gil Vicente em meios de comunicação de clube e em lugares de sócios, mas omitiram-nos este capitulo negro.
Afinal, o que tem a dizer a presidente Alexandrina Cruz, representante do clube, sobre esta gestão por parte da SAD? Uma gestão que compromete não só a participação desportiva como também o prestígio institucional do Rio Ave FC?
Quando se apela tanto ao profissionalismo e ao crescimento do futebol feminino, é essencial que as decisões internas estejam à altura dessa ambição. Neste caso, não estiveram.