31.10.25

A minha declaração do ponto 4 - sobre o caminho que o clube seguiu



(Declaração no ponto 4 - Outros assuntos de interesse)


Nos últimos anos, o Rio ave FC tem vivido um período que muitos de nós nunca imaginaríamos presenciar. Falo de um clube que sempre se orgulhou de ser dos sócios, feito por sócios, e que hoje, infelizmente, parece estar a afastar-se dessa sua essência.

Recuando ao ano de posse desta direção. O número de associados foi um tema envolto em dúvidas, muito se escreveu e por muitos foi escrito — contagens que ninguém explicou e com um processo eleitoral que, curiosamente, teve um número de votos anormalmente elevado. Em 85 anos de história, nunca se tinha visto tamanha afluência. Dúvidas se levantaram.

Mas o tempo mostrou que as desconfianças não eram infundadas. A transformação da nossa SAD foi conduzida sem debate, sem auscultação, sem transparência. A verdade é que, enquanto sócios, fomos espectadores de um processo que devia ter sido profundamente participativo. Fomos deixados de fora de uma das decisões mais estruturantes da história do Rio Ave FC. Um processo feito nas costas de quem construiu este clube com paixão, suor e amor à camisola.

E as consequências estão à vista. A transformação da SAD não foi apenas jurídica ou administrativa — foi emocional, cultural e humana. O clube mudou de rosto, mas também de alma. Foram saindo figuras com décadas de dedicação. Pessoas que deram tudo pelo Rio Ave, que sempre estiveram lá, sem holofotes, mas com uma entrega genuína. Diretores, funcionários, até presidentes-adjuntos. Foram todos substituídos, sem explicações claras, como se o passado pudesse ser varrido sem qualquer comunicação.

Entretanto, a ligação entre o clube e os seus sócios vai-se desfazendo. Basta olhar para os números de assistência nos jogos que tendem a não aumentar face ao aumento exponencial de sócios que existiu. Onde antes havia entusiasmo, há agora desinteresse. Onde antes havia orgulho, há agora resignação no final dos jogos. 

O Estádio dos Arcos, que já foi símbolo de união, está cada vez mais vazio de espírito. Os números do relatório e contas que hoje analisamos são o espelho disso mesmo — menos apoio, menos receita, menos vida.

Tudo isto acontece sob uma liderança cada vez mais centralizada, unipessoal, em que a presidente parece falar por todos. 

A direção, na prática, foi remetida para o silêncio. O clube, que devia ser plural, tornou-se uma estrutura vertical onde as decisões se tomam num gabinete e não em conjunto com quem faz o clube viver: os seus sócios e com vocês dirigentes.

E chegamos agora ao ponto mais sensível: a acumulação de cargos. A presidente do clube é também presidente da SAD. E por mais voltas que se dê, isto é, no mínimo, um enorme conflito de interesses.

Porque quem é presidente da SAD tem o dever de defender os interesses da SAD.
E quem é presidente do clube tem o dever de defender o clube.
 

Mas quando as duas cadeiras são ocupadas pela mesma pessoa, quem defende o quê?

Dou apenas alguns exemplos práticos:
Como já aconteceu inúmeras vezes no futebol nacional e internacional: Quando a SAD tem uma dívida ao clube, ou deixa de pagar uma verba que deve — quem é que cobra?

Será que é Alexandrina Cruz, presidente do Rio Ave Futebol Clube, que vai exigir o pagamento… à Alexandrina Cruz, presidente da SAD do Rio Ave, nomeada precisamente pelo detentor da SAD para defender os interesses da SAD?


E quando há uma negociação de cedência de espaços, como aconteceu há pouco mais de um mês — quem representa o arrendatário e quem representa o arrendador?

Será que Alexandrina Cruz, presidente do Rio Ave Clube, senta-se à mesa para negociar as melhores condições financeiras para o clube… com a Presidente da SAD do Rio Ave, também ela Alexandrina Cruz, que por sua vez está lá para defender os interesses da SAD?


Como é que terá sido a decisão de perdoar uns milhares de euros à SAD na época passada por parte do Clube?

Terá sido a Presidente do Rio Ave FC, Alexandrina Cruz, que se sentou com a Presidente da SAD do Rio Ave, também Alexandrina Cruz, para decidir qual a verba que melhor servia os interesses do clube… e simultaneamente os da SAD?

E mais: no dia em que os interesses do clube não coincidirem com os interesses da SAD como acontece imensas vezes no futebol nacional e internacional — o que vai acontecer?

Irá Alexandrina Cruz, presidente do Rio Ave FC, bater-se de razões e decidir ir para a esquerda, quando Alexandrina Cruz, presidente da SAD do Rio Ave, quiser ir para a direita?

Como é que isto é possível?

Como é que alguém pode achar que esta situação serve o clube, a transparência ou os sócios?

Estas perguntas são simples, mas as respostas não o são.
E é precisamente por não haver respostas claras que a transparência se perdeu.

O que se viu, foi um representante vender parte de uma empresa a outra entidade e depois ir presidir à empresa, sendo eleita pelo seu proprietário, para a qual vendeu tendo decidido o preço e condições da venda ao seu novo "empregador",

Tudo sem que ninguém da restante direção ache isso estranho e o manifeste publicamente. 

O Rio Ave sempre foi um exemplo de clube sério, respeitado, com identidade. Mas hoje vivemos tempos em que as decisões se tomam em círculos fechados, onde o contraditório é visto como afronta e onde as vozes críticas são censuradas, desvalorizadas e atacadas.

Nós sócios e também vocês dirigentes, não podemos aceitar que o clube se transforme num instrumento ao serviço de vontades individuais. O Rio Ave é maior do que qualquer presidente e maior do que qualquer mandato. Seja Alexandrina ou outra pessoa a presidir este dois órgãos em simultâneo.

E por isso, esta intervenção é, acima de tudo, um apelo.
Um apelo para que o Rio Ave volte a ser dos sócios e representado por todos os seus dirigentes.
Que volte a ser transparente, participativo e vivo.
Que volte a ser o Rio Ave que aprendemos a amar — de todos, e não apenas de alguns.


Por isso, reforço o apelo que fiz no passado dia 3 de outubro:

Senhora Presidente, demita-se.

E não caia na tentação de se recandidatar, escudando-se do seu “exército” para tentar validar, através de um processo eleitoral, aquilo que é — e continuará a ser — um claro conflito de interesses.

Nenhum ato eleitoral confere legitimidade a uma situação eticamente indefensável.

Muito menos quando é sustentado pela força de um grupo fiel, e não pela vontade genuína dos verdadeiros sócios.


Mas como sei que em caso algum se demitirá, então deixo estas duas situações para as quais gostaria de obter esclarecimentos diretos da sua parte:

  1. No dia em que os interesses do clube não coincidirem com os interesses da SAD como acontece imensas vezes no futebol nacional e internacional — como é que se irá posicionar?

  2. Se o investidor quiser adiar a construção da bancada para 2029 por exemplo, o que dirá a presidente do Rio Ave FC?


Perante as questões apresentadas, Alexandrina Cruz optou por não responder a nenhuma delas.

Ter ou não ter a maioria na SAD, eis a questão (esclarecimentos sobre uma comparação infeliz)


(foto retirada do facebook do Rio Ave)


Ontem, após a minha intervenção, um associado — que me merece todo o respeito — usou, com todo o direito, da palavra para responder, apresentando alguns argumentos sobre aquilo que referi como um evidente conflito de interesses.

O referido associado questionou o auditório, perguntando se alguém esperava que André Villas-Boas, depois de ser eleito presidente do FC Porto, não viesse a assumir igualmente a presidência da SAD; ou que o mesmo não acontecesse com o Dr. Frederico Varandas, no Sporting, ou com António Salvador, no Braga?

Na altura, optei por não voltar ao púlpito. O ambiente estava já bastante exaltado — mais uma vez, um episódio lamentável, ainda que, desta vez, o presidente da Mesa da Assembleia Geral tenha atuado de forma rápida e firme — e considerei que insistir apenas contribuiria para acentuar a crispação.

No entanto, sinto agora a obrigação de esclarecer todos os que estavam presentes e ouviram essa comparação.

No Futebol Clube do Porto, o clube é detentor de cerca de 74,59% da SAD.
No Sporting Clube de Portugal, o clube detém aproximadamente 88% da SAD.
E no Sporting Clube de Braga, é o maior acionista da SAD.

Há, portanto, um denominador comum evidente: em todos esses casos, o clube é o sócio maioritário da respetiva SAD.

Como tal, é o próprio clube — enquanto acionista de referência — quem elege o presidente da SAD. Estranho seria, nessas circunstâncias, o clube não escolher o seu próprio representante para liderar a sociedade e entregar esse papel a um investidor/quadro externo.

No caso do Rio Ave, a situação é completamente distinta.
O clube detém apenas 20% da SAD e, ainda assim, a pessoa que conduziu o processo de venda dessas participações foi, posteriormente, nomeada presidente da SAD pelo investidor que adquiriu a posição maioritária.

Creio que esta explicação é suficiente para demonstrar que as situações não são de todo comparáveis.

Espero, assim, ter esclarecido não apenas o associado que interveio, mas também todos os que assistiram à assembleia.

E, para finalizar, o mesmo associado terminou a sua intervenção dizendo conhecer bem a Alexandrina, saber onde mora e que, caso algo aconteça, todos sabemos que vive na Junqueira e que terá de dar a cara na cidade.
Pergunto: o que é que isso vale, exatamente?

Masterplan apresentado em Assembleia Geral: os principais pontos




Ontem, na Assembleia Geral, foi finalmente apresentado as primeiras imagens do tão aguardado Masterplan do Rio Ave FC. O projeto, que promete transformar de forma profunda as infraestruturas do clube, foi apresentado de uma forma geral pela direção, deixando algumas indicações importantes sobre o futuro das instalações

Eis os principais destaques:

  1. O Masterplan prevê uma estrutura de apoio ao futebol sénior, atualmente em construção e cuja conclusão está prevista para o final da presente temporada, bem como um complexo com um total de sete campos.

  2. Está prevista a construção da bancada nascente, embora não tenha sido especificado o número de lugares. Foi, no entanto, reafirmado que a sua conclusão deverá ocorrer em 2028.

  3. As zonas envolventes também serão alvo de requalificação, com melhorias no parqueamento, criação de espaços verdes e a instalação de uma nova “Loja Verde” na atual zona de estacionamento da direção.

  4. Dos sete campos previstos, quatro serão em relva natural.

  5. Questionada sobre a localização da bancada destinada aos sócios, Alexandrina Cruz respondeu: “Os sócios serão colocados na melhor bancada” (na bancada nascente deduzo eu). Sócio terá mostrado o desagrado pelo o facto de os sócios irem para as "traseiras" do estádio longe do parqueamento e da loja do sócio.

  6. O projeto contempla ainda três áreas distintas de parqueamento, melhorando a organização e acessibilidade às diferentes zonas do complexo.





















Muitos gastos: Falta planeamento e falta rigor na orçamentação. O que dizem os números do Relatório e Contas de 2024/2025

O Relatório e Contas do exercício de 2024/2025 do Rio Ave FC revela vários pontos que merecem uma análise cuidada. Há crescimento, é verdade — mas também há muita coisa que levanta dúvidas sobre planeamento, rigor e sustentabilidade.

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Rendimentos

O clube apresentou rendimentos totais de cerca de 960 mil euros, um aumento de 84% face ao ano anterior.
À primeira vista, o número impressiona. Mas ao olhar com mais atenção, percebe-se que este crescimento é sustentado quase exclusivamente por três fontes:

  • o arrendamento da SAD, e

  • o subsídio da UEFA, que passou de 5 mil euros para 170 mil euros e uma verba da seguradora de cerca de 160 mil euros.

Ora, este rendimento da UEFA e seguradora não é recorrente nem garantido. Se retirássemos apenas esse valor extraordinário, o resultado seria negativo.

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Gastos

Os gastos totais ascenderam a 670 mil euros, um aumento de 70%.
Curiosamente, a própria Direção tinha apresentado em junho do ano passado uma previsão de 556 mil euros.
Na prática, gastou mais 115 mil euros do que disse aos sócios, ou seja, mais 20% do que estava orçamentado.

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Análise Detalhada

  • Vendas de mercadorias caíram 59,4%, uma quebra de 63 mil euros. É provável que parte, ou até a totalidade, desta receita tenha sido absorvida pela SAD — por exemplo, através da venda das camisolas oficiais.


  • As receitas de Prestações de Serviços (quotas dos sócios e mensalidades das escolinhas) voltaram a cair, repetindo o cenário do exercício anterior.

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Quotizações e Mensalidades

  1. As receitas de quotização mantêm-se praticamente inalteradas, apesar de o clube ter promovido uma campanha de pagamento anual de quotas que descreveu como um sucesso.
    Isto significa que, tendo em conta o adiantamento de verbas, a receita real voltou a cair. E isto num contexto em que o número de sócios praticamente duplicou face a 2022/2023.
    Em resumo: desde então, as receitas da quotização diminuíram mais de 10%.



  1. Esta direção previa 215 mil euros em receitas de quotas, mas o valor real foi 162 mil euros — uma diferença de 25% abaixo do previsto.



  1. As mensalidades caíram de €84.595 para €69.807 (-17%). Como o valor mensal cobrado não diminuiu (ainda que haja uma equipa - sub 15 C - que tenha sido extinta), isso significa que há menos atletas nas escolas Rioavistas — ou então muitos pais deixaram de pagar.



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Outros Rendimentos (SAD)

  • Arrendamento do Estádio: €67.500
    (A direção perdoou €22.500 à SAD devido à “tempestade Martinho”)

  • Arrendamento da Academia: €90.000

Importa recordar que a SAD foi criada em maio de 2024, o que significa que teria de pagar pelo menos mais um ou dois meses que deveriam ter entrado no relatório anterior.

Questionei pessoalmente a Presidente Alexandrina Cruz, que explicou que, “por uma questão de timing”, o pagamento não tinha vencido.

Pois bem — também não entrou neste exercício.

Conclusão: além dos €22.500 perdoados, esta Direção deixou por cobrar entre 15 e 30 mil euros referentes ao exercício anterior.

NOTA: Alexandrina Cruz tinha dito e projetado em Maio de 2024 (Ponto 6): "Na eventualidade de, por imposições regulamentares a SAD não poder utilizar o Estádio, por falta de licenciamento, a renda continuará a ser paga ao clube".



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Fornecimentos e Serviços Externos (FSE)

Talvez nem todos saibam o que esta rubrica significa, mas engloba praticamente tudo o que o clube paga a entidades externas — desde serviços profissionais a refeições, compras, representação, vigilância, etc.

E aqui é onde os números verdadeiramente explodem:
Os custos com FSE aumentaram 88%, passando de €267 mil para mais de €503 mil.


A direção tem dito que “a aposta foi o futsal”, mas, se olharmos para os números, os ordenados estão dentro da previsão feita em junho passado.
Portanto, a pergunta é: onde foi gasto todo este dinheiro?

Destaques:

  1. Vigilância e segurança: +96%

    • De 7 mil para 14 mil euros

    • Estimativa inicial: €6.600

    • A Presidente afirmou em maio de 2024 que “todas as despesas de segurança do Estádio e da Academia seriam da responsabilidade da SAD”.
      O que justifica, então, este aumento?



  2. Deslocações e estadias: +219%

    • De 19 mil para 60 mil euros

    • Estimativa: €45.000

    • As equipas competiram nos mesmos campeonatos — o que explica este salto?


  3. Gastos com pessoal: +99%

    • De 26 mil para 51 mil euros

    • Estimativa: €35.500

    • Foram contratadas novas funcionárias, apesar de haver menos trabalho direto devido à criação da SAD.
      Algumas desempenham funções também para a SAD — será o clube a suportar esses custos?



  4. Despesas de representação: quadruplicaram.


  5. Artigos de oferta: ultrapassaram os 18 mil euros.


  6. Rubricas “Outros” — sem explicação detalhada — somam cerca de 53 mil euros.


  7. E, para terminar, um exemplo que ilustra bem a falta de rigor:
    A previsão para eletricidade e água era de 25 mil euros.
    O gasto real? €172,40.

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Conclusão

Falta planeamento.
Falta rigor na orçamentação.
E falta visão — para não dizer outra coisa.

O centro de custos é desproporcional e a transparência continua a ser um conceito muito relativo. É difícil para os sócios compreenderem toda esta estrutura; mas é fácil, para quem gere, gastar enquanto há liquidez imediata.

Outro ponto relevante: deixou de ser apresentado o indicador de solvabilidade, que mede a capacidade do clube cumprir as suas obrigações a longo prazo.

Por fim, nota-se um detalhe preocupante:
As dívidas a liquidar no próximo ano aumentaram de €574 mil para €627 mil, apesar de o saldo contabilístico ser positivo em €290 mil.
Ou seja: temos lucro no papel, mas mais dívida para pagar a curto prazo.

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Um relatório que, mais do que números, revela uma gestão sem rumo.
E um clube que parece viver à boleia do curto prazo — com cada vez menos visão e cada vez mais justificações.

29.10.25

Sub-23 do Rio Ave derrotados pelo Braga (apuramento complicou)

 



O Rio Ave foi derrotado esta terça-feira pela equipa do Braga, por 2-1, em mais uma jornada da Liga Revelação.

Depois de uma primeira parte equilibrada, o Braga conseguiu marcar os dois golos na segunda metade do encontro. O Rio Ave ainda reduziu a desvantagem já em tempo de compensação, com Francisco Curvelo a fazer o 2-1 aos 97 minutos, mas já sem tempo para evitar a derrota.

Com este resultado, o Rio Ave vê aumentar a distância para os lugares de apuramento para a fase do campeão, estando agora a seis pontos desse objetivo, quando restam apenas 18 pontos em disputa.




Vrousai: "o objetivo é a Europa"


O capitão Marius Vrousai deu uma entrevista a um jornal do seu país e, entre outras coisas, revelou os objetivos da equipa: "Certamente o objetivo é fica nos lugares de acesso às provas europeias, temos a capacidade. Mas para isso, não se pode começar os primeiros sete jogos sem uma vitória e dizer que vamos lutar para a Europa. Dentro da equipa temos esse objetivo. Nos jogos damos o nosso melhor para atingir a classificação europeia. Se não este ano, então certamente nos próximos anos.”

Curiosameente, não é a primeira vez Vrousai faz esta afirmação: em setembro, na Agrosemana, disse que "O plano é crescer, construir e mostrar capacidade para competir com todos da mesma forma. Se conseguirmos obter os resultados porque não pensar em ir à Europa, seja esta época ou na próxima”, no que foi acompanhado pelo seu colega de equipa João Graça ("Temos todas as condições para fazer uma época parecida com aquelas que o Rio Ave fazia nos seus tempos de Europa"). 

Se não estou em erro, os responsáveis da SAD (administração e treinador) nunca assumiram este objetivo de forma tão clara. Aliás, foi-nos dito que enquanto não houver bancada nascente a UEFA não licencia o Estádio (teríamos de jogar fora, portanto).

 

Assembleia Geral Ordinária amanhã, no Auditório Municipal, às 20h30






O Rio Ave Futebol Clube esta quinta-feira, dia 30 de outubro, às 20h30, no Auditório Municipal, a sua Assembleia Geral Ordinária.

Este é um momento de grande importância para todos os associados, onde serão discutidos temas fundamentais da vida do nosso Clube.
A presença e participação dos sócios é essencial para que o Rio Ave continue a ser um clube plural, participado e verdadeiramente democrático.


Façam o esforço para estarem presentes e contribuam para o futuro do nosso Rio Ave FC.


28.10.25

O que significam desportivamente os 19 milhões no 'vermelho'

Quero voltar ao tema dos prejuízos da SAD, que depois de amanhã serão esmiuçados por Alexandrina Cruz, para desenvolver uma ideia que nos interessa como Rioavistas. 

Ou seja, se analisados do ponto de vista financeiros, é lá com o investidor, ele põe e dispõe e amanhã vende o André Luiz e mais outro e até equilibra as contas.

Mas o aspeto desportivo é outra coisa: imagino que as despesas da SAD na época passada terão chegado perto dos 25 milhões. Para quê? Conseguimos a manutenção na antepenúltima jornada.

Apesar de ter sido o primeiro ano completo de atividade da SAD, foi demasiado dinheiro para tão poucos resultados. E acredito que a SAD seja a primeira a reconhecê-lo. Até porque o investidor não caiu no negócio do futebol de paraquedas nem começou em 2024. Já tem um passado e um histórico de conhecimentos que deveriam permitir esperar mais.

E aqui só encontro uma explicação: os jogadores contratados (ou emprestados) estão, de forma geral, sobreavaliados. 

Espero estar enganado, mas o que temos visto nesta época parece confirmar essa ideia [recordar já agora o jogo em Famalicão, em que jogámos sem reforços]

(Lomboto, o jogador mais barato do plantel? Pelo que se viu até agora, é um elemento que pode jogar na primeira equipa)
 

 

27.10.25

Séniores Femininas empatam frente ao Marítimo e sobem ao quarto lugar



A equipa sénior feminina do Rio Ave voltou este fim de semana à competição da Liga BPI (jogo em atraso da primeira jornada) e registou o segundo empate consecutivo, desta vez frente ao Marítimo.

O Rio Ave esteve em vantagem durante praticamente todo o encontro, graças a um golo de Madison Wolfbauer, que inaugurou o marcador aos 11 minutos, através da conversão de uma grande penalidade.

O Rio Ave acabou por ver escapar a vitória já nos instantes finais, quando a equipa madeirense conseguiu empatar aos 91 minutos.

Com este resultado, o Rio Ave soma mais um ponto na tabela e sobe ao quarto lugar do campeonato.




Sub-19 do Rio Ave regressam às vitórias em Vizela e reentram na luta pelo apuramento




Depois de três jogos sem vencer, a equipa de Sub-19 do Rio Ave voltou a sorrir. O Rio Ave deslocou-se a Vizela e conquistou uma vitória importantíssima, que põe fim a um ciclo negativo de resultados e relança a equipa na luta pelos lugares cimeiros da classificação.

Com este resultado, o Rio Ave sobe ao 5.º lugar, ficando agora apenas a um ponto do 4.º posto — posição que garante o apuramento para a fase de campeão.


26.10.25

Rio Ave FC (Futsal) perde frente ao Elétrico FC




Era um jogo em que o Rio Ave FC esperava, no mínimo, conquistar um ponto (Eletrico não tinha qualquer ponto até agora). No entanto, a deslocação a Ponte de Sor terminou de forma amarga, com uma derrota por 4-3 frente ao Eléctrico FC.

O Rio Ave FC esteve sempre na frente do marcador ou em situação de empate. Contudo, nos instantes finais do encontro, em apenas um minuto fatídico, o Eléctrico conseguiu marcar dois golos e operar a reviravolta.

Os golos do Rio Ave foram apontados por Dinis, Tiaguinho e Sérgio Costa. Desta vez, Rúben Góis, o habitual marcador da equipa, ficou em branco, tendo inclusivamente falhado dois livres de 10 metros (na sequência da 6.ª e 7.ª falta adversária), já perto do final da partida.

Próximo jogo em casa, frente ao Famalicão.

(Vitória 1-2 na Amadora) Sotiris ganhou o jogo a partir do banco

Não foi a primeira vez que o Sotiris desfez o trio de centrais, mas penso não estar enganado se disser que só o fez, até hoje, a perder.

Ontem voltou a acontecer, mas com a curiosidade, que é um aspeto positivo: o Estrela marcou aos 28' e o Rio Ave não dava mostras de conseguir assumir o jogo. Sotiris leu bem e mexeu ao intervalo, sem esperar pelos 65 ou 70 minutos. Pohlmann foi bastante importante porque, com o seu jogo interior, conseguiu mais espaços e criar dificuldades à defesa do Amadora. O Rio Ave empatou e até acabou por ganhar, embora com metade dos remates do adversário. A sorte que nos faltou contra o Arouca, por exemplo, apareceu ontem e, sendo o empate mais justo, trouxemos os três pontos.

Sotiris também bem no final, quando reforçou o centro da defesa, já o Amadora tinha três avançados. 

Acredito que a intervenção do treinador ao intervalo, com a mudança tática, foi essencial, mas, estando todos os Rioavistas satisfeitos, ninguém ficou encantado com a exibição. Lá chegaremos?

Uma nota final: entre os nove suplentes, apenas havia um avançado e nenhum extremo. Jogando o Rio Ave com dois extremos, tirar um (Spikic, o pior em campo, por sinal, ou André Luiz) significaria sempre mexer no sistema, ainda que não fosse essa a intenção do treinador.

Como se explica isso? Lobato lesionado, Medina também? Não há um extremo nos sub23 que possa jogar? A mim parece-me coisa de amadores, ainda por cima num plantel tão vasto. Mais, acho que um dos moços dos sub23 faria melhor do que Spikic!

Para a história fica a primeira vitória fora e a segunda, ainda por cima seguida. 

[curiosidade: começámos com dois homens no meio, Ntoi e Aguilera, depois entraram Liavas e finalmente Papakanello. Acabámos com quatro e apenas Gual na frente]


 (o melhor jogador do Rio Ave nesta altura, sem margem para dúvidas)

25.10.25

Vitória na Reboleira: Nem o Estrela brilhou, nem o Rio Ave encantou

 


O resultado foi melhor do que a exibição — e isso diz muito sobre o que se passou na Reboleira.
Se é verdade que o Estrela da Amadora não realizou um jogo extraordinário, também é justo dizer que fez o suficiente para, pelo menos, não sair derrotado.

Em termos de oportunidades claras, o Estrela não foi muito superior ao Rio Ave, mas apresentou o dobro dos remates e, sobretudo, o dobro da vontade de vencer. O Rio Ave, por sua vez, mostrou-se apático durante grande parte da partida, tirando os cinco minutos iniciais da segunda parte, onde deu um ligeiro sinal de reação.

Curiosamente, o golo da vantagem do Rio Ave acabou por surgir no momento em que o Estrela parecia estar por cima do jogo. No entanto, há um ponto positivo a destacar: Sotiris arriscou. Pela primeira vez em muito tempo, o técnico grego decidiu alterar o sistema ao intervalo, abdicando da linha de cinco defesas e procurando um modelo mais ofensivo.

Não foi uma exibição de encher o olho, longe disso, mas foi uma vitória essencial — a segunda consecutiva no campeonato — que pode devolver alguma confiança a uma equipa que bem precisa dela.

24.10.25

A imagem (errada) que a comunicação do Rio Ave insiste em vender


A comunicação do Rio Ave bem se esforça em vender uma imagem que simplesmente não existe.

É prática habitual, no final dos jogos, vermos nas redes sociais do clube fotografias a tentar mostrar a “comunhão” entre sócios e equipa. Entendo a estratégia e até a razão por detrás dela. Também compreendo o uso constante de slogans como “uma família” para reforçar essa ideia de ligação.

É constante, o clube publicar no Facebook uma fotografia tirada com bastante zoom, em pleno relvado, entre braços e corpos de jogadores, captando meia dúzia de adeptos (da claque) a bater palmas. A mensagem implícita é clara: está tudo pacífico, em harmonia, todos compreendemos a situação da equipa e estamos solidários.
É a nova norma na comunicação do nosso clube.



Só que não é verdade. Quem está no estádio sabe que há momentos em que há muitos sócios insatisfeitos, sendo que ultimamente esse desagrado tem também aumentado nas redes sociais.

Para além destes casos, temos visto o clube a comunicar pouco e mal.
O Rio Ave sempre foi parco a dar-nos informação sobre a equipa, sobre os treinos, sobretudo sobre lesões e jogadores recuperados. Mas agora não há um único texto durante a semana e nada sabemos sobre o que se passa com lesionados. Dizem que é para proteger os jogadores… Coitados dos jogadores do Benfica, Sporting, etc, de que se se sabe tudo ou quase tudo...

No fim do jogo deste fim de semana frente ao Sintrense, nem o habitual vídeo com a conferência do mister Sotiris colocaram nas redes sociais.

Cada vez mais um clube fechado dentro de portas.
Cada vez mais os sócios se afastam do Rio Ave.

22.10.25

Entre o aparente equilíbrio e a real dependência: As receitas caíram e os custos dispararam






O Relatório e Contas do Rio Ave Futebol Clube referente à última época já se encontra disponível para levantamento.
O João Paulo Menezes já fez o resumo possível sobre os números conhecidos da SAD, onde se destaca um prejuízo de 19 milhões de euros — mas convém sublinhar que o documento agora divulgado diz respeito ao Clube, e não à Sociedade Anónima Desportiva.
Como tal, e uma vez que a informação financeira relevante da SAD não é aqui abordada, não há muito mais a acrescentar em termos de dados concretos.


No entanto, ao analisar este Relatório e Contas, há detalhes e sinais que saltam à vista e que, ainda que a Assembleia Geral apenas se realize na próxima semana, merecem já menção.

Traços Gerais

  1. O resultado líquido do período apresenta uma melhoria face ao exercício anterior, mas essa evolução positiva não deve ser lida como sinal de sustentabilidade. O clube continua fortemente dependente dos subsídios à exploração, sem os quais a estabilidade financeira estaria em causa.
  2. Verifica-se ainda uma diminuição acentuada da receita operacional, com as vendas e prestações de serviços a caírem cerca de 20%.
  3. Por outro lado, o lado da despesa cresceu de forma expressiva, com destaque para o aumento muito significativo nos Fornecimentos e Serviços Externos (+88%) e, sobretudo, nos Gastos com o Pessoal (+99%).

Análise Detalhada

Quando se observa o relatório com mais atenção, surgem vários indicadores preocupantes:

  1. As receitas de quotização mantêm-se praticamente inalteradas, apesar de o clube ter promovido uma campanha de pagamento anual de quotas que o próprio descreveu como um sucesso.
    Isto significa que, tendo em conta o adiantamento de verbas (quotas pagas antecipadamente), a receita real volta a cair, o que é ainda mais significativo se tivermos presente que o número de sócios quase duplicou face a 2022/2023.
  2. A receita comercial proveniente da venda de mercadorias registou uma quebra drástica de 59,5%.
  3. O crescimento do resultado líquido é totalmente dependente de rendimentos extraordinários ou não operacionais, o que significa que não resulta da atividade regular do clube.
  4. Os custos com pessoal e os fornecimentos e serviços externos quase duplicaram, um aumento difícil de justificar face ao contexto atual e à redução da receita operacional
  5. Custos de representação subiram 396% (de 1447€ para 5738€)
Existem outros aumentos que mais tarde serão esmiuçados em fase posterior à assembleia.


Em resumo, o aumento do Resultado Líquido em 2024/2025 (€290 mil), embora positivo, assenta em elementos não recorrentes — nomeadamente os €346 mil em “Outros Rendimentos” (subsídios da CMVC, da Federação Portuguesa e Renda da SAD).
Se o clube tivesse mantido o nível atual de gastos sem esse reforço extraordinário, o resultado de exploração seria negativo.

As receitas caem e custos disparam.

Este cenário sugere que o Rio Ave FC aparenta boa saúde financeira no curto prazo, sustentada por receitas pontuais, mas enfrenta sérios desafios de sustentabilidade na sua atividade operacional.

Está totalmente dependente de subsídios.

SAD vai apresentar €19 milhões de prejuízos

Vamos por partes: ninguém fica indiferente a um resultado como este, que será anunciado na AG da próxima semana e que a presidente do Clube (e agora da SAD) terá oportunidade de explicar (importante perceber o impacto destes números no controlo que a FIFA faz do fairplay financeiro).

Mas só ficará espantado quem andou a dormir ou se esqueceu do que foi dito.

Há exatamente um ano, na AG, foi anunciado que Marinakis iria gastar/investir 26 milhões na época 24/25 (os pormenores estão mais abaixo). Como é sabido, em janeiro deste ano vieram mais jogadores (André Luiz, Ntoi, Abbey, por exemplo), o que acresce à despesa, sem que algum jogador tivesse sido vendido. Lembram-se de aqui termos falado na lista de ordenados?

O valor final não é mais elevado porque chegaram €5,2 milhões da TV, basicamente a única receita. 

Ou seja, bem vistas as coisas, e não pretendo ser sarcástico, 19 milhões até nem é muito... 

Aliás, estou certo que Alexandrina Cruz nos dará um horizonte relativo a 2025/26 e não se admirem se a despesa já tiver ultrapassado os 22 milhões! 

 

Outubro 2024:

"Alexandrina Cruz (AC) revelou que o investidor (RAH Sports) meteu 6,5 milhões de euros até ao momento da criação da SAD (31/5/24), através de 4 empréstimos com escritura pública;

- depois disso, mais 7,7 milhões, o que dá, até ao momento, 14,6 milhões.

- Até ao final da época está previsto investir mais 12 milhões, o que significa que a 20/6/25 a família Marinakis terá 'deixado' em Vila do Conde 26 milhões de euros. Destes 26 milhões, 17 são o orçamento da SAD e 6 são ativos de jogadores [aqui acresce o investimento feito em janeiro de 2025]. O restante até aos cerca de 26M é para investimentos, outras despesas e abatimento de parte do passivo. O passivo foi abatido em 1 milhão, até agora." 

 

Fizemos história… e o Sintrense também



A Taça de Portugal é, por excelência, a prova das surpresas, o palco dos "tomba-gigantes" e onde a história se reescreve a cada outono. No entanto, para o Rio Ave, a eliminação deste fim de semana tem um sabor particularmente amargo e inédito: foi a primeira vez na sua longa história que o clube foi afastado da prova-rainha por uma equipa do quarto escalão nacional. (Dei-me ao trabalho de ver todas as edições no Zerozero).

Para além disso, também foi algo inédito para o Sintrense: pela primeira vez na sua história, eliminou uma equipa da 1ª divisão.

É caso para dizer que ficamos na história... pelas piores razões.