O Relatório e Contas do Rio Ave Futebol Clube referente à última época já se encontra disponível para levantamento.
O João Paulo Menezes já fez o resumo possível sobre os números conhecidos da SAD, onde se destaca um prejuízo de 19 milhões de euros — mas convém sublinhar que o documento agora divulgado diz respeito ao Clube, e não à Sociedade Anónima Desportiva.
Como tal, e uma vez que a informação financeira relevante da SAD não é aqui abordada, não há muito mais a acrescentar em termos de dados concretos.
No entanto, ao analisar este Relatório e Contas, há detalhes e sinais que saltam à vista e que, ainda que a Assembleia Geral apenas se realize na próxima semana, merecem já menção.
Traços Gerais
- O resultado líquido do período apresenta uma melhoria face ao exercício anterior, mas essa evolução positiva não deve ser lida como sinal de sustentabilidade. O clube continua fortemente dependente dos subsídios à exploração, sem os quais a estabilidade financeira estaria em causa.
- Verifica-se ainda uma diminuição acentuada da receita operacional, com as vendas e prestações de serviços a caírem cerca de 20%.
- Por outro lado, o lado da despesa cresceu de forma expressiva, com destaque para o aumento muito significativo nos Fornecimentos e Serviços Externos (+88%) e, sobretudo, nos Gastos com o Pessoal (+99%).
Análise Detalhada
Quando se observa o relatório com mais atenção, surgem vários indicadores preocupantes:
- As receitas de quotização mantêm-se praticamente inalteradas, apesar de o clube ter promovido uma campanha de pagamento anual de quotas que o próprio descreveu como um sucesso.Isto significa que, tendo em conta o adiantamento de verbas (quotas pagas antecipadamente), a receita real volta a cair, o que é ainda mais significativo se tivermos presente que o número de sócios quase duplicou face a 2022/2023.
- A receita comercial proveniente da venda de mercadorias registou uma quebra drástica de 59,5%.
- O crescimento do resultado líquido é totalmente dependente de rendimentos extraordinários ou não operacionais, o que significa que não resulta da atividade regular do clube.
- Os custos com pessoal e os fornecimentos e serviços externos quase duplicaram, um aumento difícil de justificar face ao contexto atual e à redução da receita operacional
- Custos de representação subiram 396% (de 1447€ para 5738€)
Existem outros aumentos que mais tarde serão esmiuçados em fase posterior à assembleia.
Em resumo, o aumento do Resultado Líquido em 2024/2025 (€290 mil), embora positivo, assenta em elementos não recorrentes — nomeadamente os €346 mil em “Outros Rendimentos” (subsídios da CMVC, da Federação Portuguesa e Renda da SAD).
Se o clube tivesse mantido o nível atual de gastos sem esse reforço extraordinário, o resultado de exploração seria negativo.
As receitas caem e custos disparam.
Este cenário sugere que o Rio Ave FC aparenta boa saúde financeira no curto prazo, sustentada por receitas pontuais, mas enfrenta sérios desafios de sustentabilidade na sua atividade operacional.
Está totalmente dependente de subsídios.
Está totalmente dependente de subsídios.

