Muito se tem escrito neste campeonato sobre o facto do Rio Ave utilizar poucos – ou nenhuns – jogadores portugueses nos seus jogos. E sejamos claros: justiça seja feita, corresponde à verdade. Não há como disfarçar essa realidade.
Mas a reflexão que proponho hoje vai um pouco mais além. Ontem, no jogo frente ao Benfica, a equipa adversária apresentou-se de início com apenas um jogador português em campo (António Silva). E, no decorrer das substituições (foram cinco), entrou apenas mais um português (Henrique Araújo), já em período de compensação. Ou seja: em noventa e tal minutos, o Benfica jogou praticamente com a mesma escassez de portugueses que tanto tem sido apontada ao Rio Ave.
A diferença? É que sobre o Benfica, como sobre outros clubes em situações semelhantes, não cai a mesma onda de críticas. Pelo contrário, reina um silêncio cúmplice que alimenta a ideia de que a crítica é seletiva – quase feita à medida do alvo.
Se me agrada ver um Rio Ave descaracterizado, sem portugueses e tão afastado daquilo que é a sua identidade? Não. Mas também penso ser justo dizer que não se compreende a disparidade de tratamento mediático. Porque o problema, se existe, é transversal a vários clubes. A diferença está apenas em quem é chamado ao pelourinho.
Fica então a questão: será justo? Ou vivemos num campeonato onde as regras da crítica variam consoante a camisola?