14.9.24

O Aluno do “Quase Lá”




Há sempre um aluno que, ao longo dos anos, teima em não acertar. Não é por falta de esforço (segundo ele), nem por falta de inteligência (diz a mãe), mas por um conjunto de infortúnios e coincidências que, ano após ano, justificam as notas menos… brilhantes.

O primeiro ano foi a adaptação. Todos sabemos que, para um estudante, é preciso tempo para “entrar no ritmo”. Livros novos, matérias novas, e um professor que, na verdade, estava sempre a fazer perguntas difíceis. No fundo, não era culpa dele, claro.

No segundo ano, a culpa foi da pressão. Dizem que os professores exigem mais conforme se avança, e este nosso aluno não teve como escapar. Quem consegue concentrar-se com tanta expectativa em cima dos ombros?

Depois, no ano seguinte, foi a turma. Ah, a turma! “Se calhar, se tivesse sido colocado com alunos mais aplicados, talvez as notas tivessem subido”. Porque, afinal de contas, todos sabemos que o ambiente influencia a performance, não é?

E agora, estamos no quarto ano, com o mesmo discurso. “Só preciso de mais tempo”, diz ele, sempre com a mesma convicção de quem acredita que o sucesso está ali ao virar da esquina. E nós, no geral, claro, acreditamos.