6.9.24

Está lá? Sr. Rodrigues? Posso falar consigo? (Episódio 3)


Ah, o Senhor Rodrigues! Ele voltou, meus amigos. Depois de um longo período em que parecia ter desaparecido nas entrelinhas da história do clube, surge novamente, desta vez, em grande estilo. Bem, pelo menos no que diz respeito à sua escolha de guarda-roupa. O Senhor Rodrigues é presença constante nos dias de jogo. Não falha uma única oportunidade para marcar presença na tribuna presidencial, de fato impecável e com aquele sorriso ensaiado para as câmaras. Porque, claro, como dizem, uma imagem vale mais do que mil palavras. Mas será que vale mais do que mil ações? Aí já não tenho tanta certeza.

Sim, ele está lá, sempre pronto para aquela fotografia ao lado das personalidades de ocasião. Um pequeno aperto de mão aqui, uma pose ao lado dos dirigentes acolá, e já está. Quem o vê de fora, poderia até pensar: “Ah, o Senhor Rodrigues, sempre firme, sempre presente. Que figura incontornável no futebol!” Mas por detrás desse verniz de pompa e circunstância, há uma verdade inegável: no papel, ele já não manda em nada.

O homem que outrora controlava tudo, desde o relvado ao mais ínfimo detalhe da administração, agora parece mais uma peça decorativa do que um jogador ativo. Não que ele não tente – claro que tenta! A sua presença constante nos dias de jogo sugere um esforço para se manter relevante, para nos fazer acreditar que ainda detém algum poder nos bastidores do clube. Mas a realidade é dura, e todos sabemos: as decisões importantes já não passam por ele.

E, no entanto, mesmo com toda essa encenação, há momentos em que o Senhor Rodrigues poderia, de facto, fazer a diferença. Recentemente, uma figura histórica do clube, o grande Quim Vitorino, foi dispensada pela nova administração – uma verdadeira lenda. Um momento delicado, diríamos, para quem tem uma ligação afetiva ao clube. E o que fez o Senhor Rodrigues? Absolutamente nada. Nem uma palavra de solidariedade, nem um gesto de apoio. Diz-se que nem sequer atendeu o telefone quando o histórico tentou contactá-lo. Será que o Senhor Rodrigues perdeu o telemóvel? Ou estará ocupado demais a ensaiar o próximo sorriso para as câmaras?

A verdade é que, no momento em que se pedia ao Senhor Rodrigues que mostrasse um pouco de humanidade, que deixasse de lado as formalidades e dissesse presente, ele manteve-se ausente. Talvez seja a nova norma para ele: aparecer nos dias em que as luzes da ribalta estão acesas e desaparecer quando a verdadeira liderança é exigida. Afinal, é fácil sorrir para as câmaras, difícil é estar ao lado de quem realmente precisa de apoio.

E assim, o nosso querido Senhor Rodrigues continua a sua saga – presente na tribuna, nas fotos e nos olhares casuais. Mas quando se trata de agir de verdade, quando as câmaras se desligam e as decisões difíceis têm de ser tomadas, ele é apenas mais um. Mais um a ver de longe, a acenar de leve, sem qualquer impacto real no rumo do clube.

Pode ser que um dia o Senhor Rodrigues encontre o seu telemóvel. Ou talvez, quem sabe, a vontade de realmente estar presente quando conta. Até lá, vamos continuar a vê-lo nos dias de jogo, sempre impecável, sempre sorridente, sempre… insignificante.


Recorda as outras crónicas sobre o Sr. Rodrigues (quando o comecei a fazer, ainda não escrevia no Reis do Ave).

Episódio 1



Episódio 2