3.9.24

Evandro Escardalete: O Heroi da Feira que estará eternamente nos corações dos Rioavistas (Entrevista)

Conhecido como o Herói da Feira, deu-nos bastantes alegrias ao longo do tempo em que porque cá andou.

Esteve cerca de uma década no Rio Ave FC, marcou 78 golos pelo nosso clube e ama a cidade de Vila do Conde como qualquer Vilacondense.

Falo claro de Evandro!

Tentei falar com ele e ele, com a sua normal amabilidade, aceitou falar comigo.

Saiba por anda, o que faz, como está e muito mais ao longo desta entrevista.

Evandro é e será sempre um dos nossos.

1. Olá Evandro, antes demais, quero saber como é que estás? Por onde é que andas e o que fazes no teu dia a dia?
Olá Daniel, moro atualmente em São Paulo e trabalho como treinador de sub-15 no clube da minha cidade. Esta é a minha função principal - treinador de sub 15, sendo que depois tenho outras coisas paralelas.

 

2. Representaste o Rio Ave FC cerca de 10 anos. Quem é teu amigo no Facebook, vê com bastante frequência tu a partilhares coisas sobre Vila do Conde. Tens saudades da cidade? De que é que sentes mais saudades?

Foram 10 temporadas. 10 anos a viver em Vila do Conde e eu costumo dizer que foram os 10 melhores anos da minha vida. Da minha vida como atleta e da minha vida como pessoa. Vila do Conde é uma cidade maravilhosa, uma cidade onde fiz muitos amigos além do futebol e eu gosto de partilhar as coisas de Vila do Conde e mostrar aqui para o pessoal brasileiro que não conhece Vila do Conde como ela é bonita. Então eu fico sempre ligado à cidade e ao clube. Porque, como eu digo sempre, o Rio Ave FC foi o clube da minha carreira, porque é o meu clube, estará sempre no meu coração e nunca deixarei de acompanhar.
Os meus dois filhos nasceram em Vila do Conde, são Vilacondenses, são portugueses. Tenho raízes daí. E isto obriga-me e faz-me ter vontade de estar sempre atento ao que se passa em Vila do Conde e ao Rio Ave. Eu acho que o lugar que me traz mais saudades e se pudesse voltar um dia, ou talvez viver, era Vila do Conde [disse emocionado].

 

3. Ainda manténs contacto com jogadores e dirigentes que estavam no clube aquando a tua passagem? Com quem é que ainda manténs um contacto regular?

Tenho muito pouco contacto com os jogadores e os dirigentes. O pouco contacto que existe é via rede social. Acompanho as pessoas pelas redes sociais. Aliás, as redes sociais permitem-me manter a proximidade com o clube. Mesmo estando tão longe, do outro lado do oceano, consigo estar perto do clube e das pessoas via rede social.

 

4. Antes de falarmos um pouco mais do teu percurso no Rio Ave, queria saber se depois do teu regresso ao Brasil, se alguma vez já regressaste a Vila do Conde.

Já regressei a Portugal e a Vila do Conde uma vez. Fiquei aí sensivelmente dois meses. Estava a tentar voltar para Portugal definitivamente. Infelizmente não consegui. Tentei procurar trabalho que me permitisse ficar e depois vir minha família, mas infelizmente não consegui arranjar trabalho e tive de regressar para o Brasil. Seria bom.

(Evandro visitou o estádio dos Arcos quando regressou a Vila do Conde)


5. Nasci em 1990 e tinha 10 anos quando chegaste ao Rio Ave em 2000. Como deves imaginar não tenho muitas recordações tuas dessa altura mas se há momento em que me lembro de ti, é do dia 8 de Maio de 2008. Lembras-te o que aconteceu nesse dia, certo? Consegues descrever esse golo e o que sentiste naquele momento?

Eras um miúdo quando eu cheguei. Eu já tinha 26 anos. Eu acho que das 10 temporadas, foi o melhor momento. Tive muitos bons momentos, também tive muitos maus momentos, sendo que foram menos do que os bons, mas esse foi o momento. Pelas circunstâncias do jogo, pelas circunstancias do que valia o jogo, para o que representava o jogo, pelo período que o clube passava, foi muito importante esse golo. Foi um momento importante porque já vínhamos de uma época anterior em que quase subíamos de divisão. Na época anterior não conseguimos subir de divisão mesmo no final do campeonato, quando tínhamos um avanço considerável nas últimas cinco jornadas. Tínhamos um avanço considerável sobre o Vitória de Guimarães e eles ultrapassaram-nos mesmo no final. Tivemos toda a época na zona de subida e depois não subimos. Foi frustrante. E na época seguinte, no último jogo do campeonato, quando apenas precisávamos de um empate frente ao Feirense para subir de divisão, o Feirense estava-nos a ganhar 1-0 a 5 minutos do fim, sendo que assim o Vizela nos ultrapassava e nós não subíamos mais uma vez.  Estávamos a passar por aquilo novamente e a equipa estava a carregar novamente essa dor. Lutamos, lutamos e lutamos até ao final. E lembro-me como se fosse hoje: uma falta do lado direito, o Gaspar bate essa falta para a área, eu desvio a bola de cabeça para a baliza, o guarda-redes defende, a bola sobra para mim com a baliza aberta.. E então... Está vivo esse momento na minha cabeça ainda hoje. Foi um dos momentos mais empolgantes para mim e certamente para o clube. Estando eu há 8 anos no clube, já com 34 anos, sabendo que o clube precisava, acontecer isto... foi incrível.

 

6. Além disso és o melhor marcador da história do Rio Ave FC. Segundo o Zerozero, foram 78 golos marcados pelo Rio Ave (se tiver errado corrige-me). Nas 4 primeiras temporadas, marcaste 58 golos. Nunca nenhum outro clube português te tentou contratar?

Quanto aos golos que marquei, nunca os contei. Sei que foram muitos golos ao longo de 10 temporadas. Mas confesso que não sei se é esse o número certo.
Em relação aos clubes: tive algumas abordagens mas eu decidi ficar sempre no Rio Ave porque o clube dava-me boas condições para eu aplicar todos os dias as minhas qualidades, a cidade era linda e boa para viver e eu já estava adaptado como a minha família e o tempo foi passando passando passando e fiquei 10 anos. O que te posso dizer, é que não me arrependo nenhum momento de ter ficado.


(O golo de Evandro na feira, o resume do jogo e as declarações de Evandro, Eusébio (treinador) e Paulo Carvalho (Presidente)


7. Chegaste ao campeonato português com 26 anos. Achas que se tivesses chegado mais cedo terias dado o salto para outros patamares?

Talvez sim, mas eu gosto de pensar mais que foi tudo como tinha de ser. Eu se não tivesse passado 10 anos no clube, ter 10 anos de ligação com os adeptos possivelmente não era lembrado pelos adeptos nem tu me irias abordar para fazer esta entrevista. Eu penso desta forma. Foi tudo como tinha de ser e estou feliz.


8. Aí no Brasil consegues ver os jogos do Rio Ave? Quais são as tuas expectativas para esta temporada?
Aqui no Brasil é assim: quando são os jogos contra os três grandes mais o Vitória de Guimarães e Braga, nós conseguimos assistir normalmente aos jogos. Quando é assim é mais fácil e consigo ver os jogos muitas vezes. Mas a maioria das vezes os jogos aqui não são transmitidos e então eu acompanho de várias formas: ou ouço via rádio porque existem aplicações no telemóvel que permitem ouvir as rádios portuguesas, ou acompanho no facebook do Rio Ave os grandes momentos ou então mesmo nas Stories do Instagram.
Quantos às expectativas não é fácil porque existiram várias mudanças: mudou a forma como o clube está organizado, existe investidor externo agora, várias jogadores saíram e vários jogadores entraram. Isto tudo leva um tempo até que apareçam os resultados de tanta mudança. O início do campeonato também não é nada fácil com dois jogos contra os grandes fora nas primeiras três jornadas.
Mas como sempre, agora fora do campo, estarei a torcer para que o clube alcance todos os seus objetivos, que cresça no futebol nacional


9. Quase a terminar, queria dizer a título pessoal (mas acredito que muitos se juntam a mim nas palavras), que és uma das figuras do clube e como sócio e adepto do Rio ave quero-te agradecer por tudo o que lutaste pelo nosso emblema. Queres deixar algumas palavras para os sócios e adeptos do Rio Ave?
Daniel, agradeço as tuas palavras mas a verdade é que quem mais ganhou com esta passagem no Rio Ave fui eu e a minha família. Por tudo o que eu vivi no clube,  por tudo o que a minha família viveu em Vila do Conde, eu só tenho de agradecer a todos a forma como me acolheram, a mim e à minha família. Quero deixar um agradecimento a ti por esta oportunidade de voltar a falar para os sócios do Rio Ave, à 'Tia' Alexandrina [da lavandaria] que foi a nossa 'Tia' e com quem ainda hoje tenho contacto, o Dr. Carlos Costa que é um amigo que ficou, o falecido Dr. Pacheco [Ferreira] que me acolheu quando eu cheguei e vários outros que se eu fosse aqui dizer o nome não terminávamos. Não quero ser injusto com ninguém por tanto um grande abraço para todos. Para o clube, que continue a crescer e que consiga alcançar patamares maiores. Não só lutando pela manutenção mas alcançando coisas maiores. Que chegue novamente à Liga Europa e quem sabe à Champions League como o Braga já conseguiu.
Estarei sempre aqui a torcer por vocês e na expectativa de poder voltar a Vila do Conde e ao Clube para rever as pessoas que deixei aí.
Um abraço a todos



Vídeo Teaser de Evandro a anunciar a entrevista