4.10.24

Match Point para Freire? Eis a receita para se salvar!



Compreendo e até me junto às críticas feitas a Luís Freire. Reconheço que, após tanto tempo à frente do Rio Ave, há uma fadiga natural em relação à sua abordagem, sobretudo quando os resultados ou a qualidade de jogo não correspondem às expectativas. No entanto, o facto de achar que o tempo de Freire já terminou, não me impede de acreditar que está nas mãos do próprio Luís Freire fazer desaparecer estas críticas e segurar o seu lugar. Ele tem à sua disposição um plantel de qualidade, com boas opções, e trabalha em condições que muitos treinadores gostariam de ter. Para superar este momento e reconquistar os adeptos, basta ele abdicar de algumas das suas crenças e adaptar-se à realidade atual do clube. 
Aqui ficam alguns pontos fundamentais:

1) Desfazer o esquema de jogo que utiliza há mais de três anos
Não estou a dizer que deve abandonar completamente este modelo, pois pode ser útil em determinados momentos do jogo ou ao longo da época. Mas manter-se fiel a uma só fórmula, seja contra quem for, torna a equipa previsível e mais fácil de contrariar. Os adversários sabem exatamente o que esperar e como explorar as fragilidades.


2) Colocar os jogadores a jogarem nas suas posições naturais
Isto é algo que tem sido recorrente com Luís Freire: ele adapta os jogadores ao seu sistema, e não o sistema aos jogadores. Quando tens um plantel com a qualidade e versatilidade do Rio Ave, esta abordagem faz com que talentos sejam desperdiçados ou subaproveitados. Um treinador deve ser capaz de tirar o máximo dos seus jogadores, e para isso é fundamental colocá-los nas posições onde podem fazer a diferença.


3) Ser fiel aos jogadores não significa ignorar o rendimento atual
Freire tem sido leal a certos jogadores que foram importantes em épocas passadas, mas o tempo muda, e com ele o plantel também. É preciso reconhecer quem está em melhor forma, quem pode acrescentar mais à equipa no momento atual. Ser casmurro e insistir nos mesmos nomes, só porque no passado eram essenciais, é ignorar a evolução do plantel e a dinâmica da equipa.


4) Assumir a iniciativa de jogo desde o primeiro minuto e mantê-la até ao fim
Uma das grandes frustrações dos adeptos é ver o Rio Ave acomodar-se com um empate ou, pior ainda, marcar um golo e recuar imediatamente no terreno, abrindo espaço para o adversário crescer no jogo. Esta postura de "defender o resultado" tem prejudicado a equipa. O Rio Ave tem de querer mandar no jogo, do primeiro ao último minuto, independentemente do resultado.

Luís Freire tem tudo para dar a volta a esta situação. Mas, para isso, precisa de ser mais flexível, mais ousado e, sobretudo, mais adaptável. Deixar para trás as suas ideias fixas, apostar nas reais mais-valias do plantel e transformar o Rio Ave numa equipa que impõe o seu jogo em qualquer contexto é o caminho para dissipar todas as críticas. Mister, está nas suas mãos.
Hoje, acredito que tem o seu Match-Point aos olhos da administração da SAD (os executivos).