O Senhor Rodrigues é, sem dúvida, um mestre. Um mestre da arte de se manter em silêncio, de contornar situações complicadas e de se esconder quando a tempestade aperta. Recentemente, o Rio Ave viveu um turbilhão: os sócios pediam a "cabeça de Luís Freire", que acabou por ser despedido, e dias depois, surge a notícia que a FIFA aplicou uma sentença ao Rio Ave, proibindo-o de inscrever jogadores durante três janelas de transferências. Situações destas, onde se esperaria que alguém de relevo viesse a público acalmar as hostes, no entanto… O Senhor Rodrigues, claro, respondeu com o silêncio que já lhe é característico. Não houve uma palavra, não houve um único vislumbre, nada. E não, ele não estava em retiro espiritual – simplesmente, sabia que este era mais um momento daqueles em que não há lugar para ele.
Curioso é que, passados apenas alguns dias, lá surge o Senhor Rodrigues, firme e forte, na tribuna no jogo contra o Boavista. Como sempre, de fato impecável, um sorriso cauteloso e aquele ar de "aqui estou eu, a figura de proa do clube". O espetáculo fotográfico estava montado: as câmaras giravam para a tribuna, onde ele fazia o papel de administrador em pleno exercício do cargo… apesar de todos já sabermos que pouco ou nada pode realmente fazer. Mas lá estava, como quem diz "estou aqui", apesar de todos percebermos que, na verdade, isso não significa rigorosamente nada.
Durante estes dias, o Senhor Rodrigues soube adotar o papel de quem vê o barco a afundar de longe, sem se molhar. "Para quê aparecer?", deve ter pensado. No fundo, ele sabe que não pode resolver nada, que não vai intervir nos bastidores e que, se fosse ouvido, provavelmente estaria ali só para fazer figura de corpo presente. É uma situação delicada, e o silêncio, ao que parece, é a sua forma de contributo.
E assim, seguimos com esta história de aparências. O Senhor Rodrigues, de fato passado, surge e desaparece como uma sombra – visível só quando lhe interessa, invisível quando o clube precisa de respostas. Enquanto os sócios esperam palavras de conforto, enquanto todos questionam sobre a proibição da FIFA, ele continua como sempre: presente quando há câmaras e tribunas, ausente quando é necessário dar a cara.
Valha-nos os jornais (meios de comunicação) que nos vão dando uns updates (entretanto já tinha explicado em comentário o que se está a passar)
Recorda as outras crónicas sobre o Sr. Rodrigues (quando o comecei a fazer, ainda não escrevia no Reis do Ave).