23.11.24

Vitor Ramos volta a escrever (e bem). Mas não deixa de ser muito ironico




A recente publicação do diretor de comunicação do Rio Ave, Vítor Ramos, chama a atenção para um tema importante: a ausência de cobertura jornalística em situações relevantes do futebol português, como a conferência pós match entre o Alverca e Rio Ave para a Taça de Portugal. Criticou os órgãos de comunicação social por deixarem de cobrir eventos devido a dificuldades financeiras ou critérios editoriais (e bem). Pelo meio ainda lança uma farpa a estes meio de comunicação . (Não aprendeu com o erro de Setembro de 2022 do jogo de Famalicão que quando fala sobre estes assuntos devia saber que fala também em nome do Rio Ave)

No entanto, esta crítica, apesar de válida, revela uma contradição quando observamos o silêncio em relação a um problema igualmente relevante: a falta de independência de muitos meios de comunicação ao publicarem conteúdos fabricados pelos próprios clubes. Atualmente, a comunicação desportiva está, em grande parte, dominada pelas narrativas que os clubes querem promover. Notícias são distribuídas pelos departamentos de comunicação dos clubes e replicadas nos jornais sem questionamento ou investigação aprofundada. Este fenómeno transforma muitos jornalistas em meros porta-vozes das instituições desportivas. 

É irónico, portanto, que quem denuncia a falta de cobertura de um evento como o jogo da Taça de Portugal não critique a mesma submissão que muitos jornais demonstram em relação à comunicação oficial dos clubes sendo inclusive o responsável por um departamento que “usa e abusa” das fragilidades deste setor. A independência da imprensa, essencial para a credibilidade e qualidade jornalística, parece ficar em segundo plano frente à conveniência de receber conteúdos prontos para publicação.


Além disso, a estratégia de muitos clubes em moldar a narrativa pública não é nova, mas tornou-se mais evidente com o aumento do controlo sobre os meios digitais. Este fenómeno não apenas limita a capacidade dos meios de comunicação de desempenharem o seu papel, mas também prejudica a perceção de imparcialidade no jornalismo desportivo.


Se queremos um desporto mais transparente e uma comunicação desportiva mais credível, é fundamental que todos os intervenientes — jornalistas, clubes, dirigentes e adeptos — questionem as práticas que perpetuam a falta de independência e promovam uma mudança real no discurso público.



Quanto ao teor da publicação, assino por baixo.

Espero também que o Sr. Vitor assine a minha.