27.8.25

Estádio dos Arcos: problema de imagem ou problema real?





O Rio Ave demoliu a sua bancada nascente em 2020, depois desta ter sido interditada em 2019 devido a problemas estruturais. Desde então, não têm faltado críticas: há quem diga que o nosso estádio não devia sequer ser homologado pela Liga e que o Rio Ave deveria jogar noutro recinto.

É verdade que, em termos televisivos, não é bom transmitir uma imagem de um Estádio sem qualquer bancada. Não transmite a melhor imagem para quem assiste em casa, nem ajuda a tornar o produto mais atrativo. Mas, tirando esse aspeto estético, será que faz sentido dizer que o estádio devia ser interdito?

Em primeiro lugar, convém olhar para os números. O Estádio do Rio Ave tem, atualmente, capacidade para 5.244 espectadores. Pode parecer pouco, mas na realidade está longe de ser dos piores da Primeira Liga.

Segundo dados da Liga Portugal, dos 18 estádios do campeonato, há seis com menor capacidade do que os Arcos: Aves, Famalicão, Nacional, Estoril, Arouca e Tondela.


Clubes Capacidade
Benfica 64274
Sporting 50061
Porto 50033
Vitória 29464
Braga 28196
Gil Vicente 12029
Santa Clara 10000
Casa Pia 6981
Alverca 6932
10º Estrela 6645
11º Moreirense 6123
12º Rio Ave 5244
13º Aves 5228
14º Famalicão 5223
15º Nacional 5147
16º Estoril 5094
17º Arouca 4937
18º Tondela 4821

Fonte: Site da Liga Portugal


Se retirarmos da equação os estádios construídos para o Euro 2004 (Benfica, Sporting, Porto, Braga e Vitória SC), a capacidade média dos restantes estádios portugueses é de 6.493 lugares. Ou seja, a diferença para os Arcos não é significativa. Mais: na esmagadora maioria dos jogos, mesmo nestes recintos, a lotação está longe de ser atingida, à exceção dos confrontos contra os três grandes e, por vezes, contra Braga e Vitória.

Posto isto, fica a questão: estará a lotação atual do Estádio dos Arcos aquém das nossas necessidades? Acho que não.

Se existe um problema, ele não é de capacidade, mas sim de imagem televisiva. O enquadramento da transmissão mostra sempre o lado nascente (sem qualquer bancada), passando uma perceção negativa para quem assiste pela televisão.

Mas se, em vez disso, as câmaras fossem colocadas na bancada nascente e mostrassem a poente, o debate provavelmente nem existia. Teríamos uma imagem muito mais apelativa e o tema deixaria de estar constantemente em cima da mesa.


E o futuro?

Pessoalmente, não veria com maus olhos que, em vez de se reconstruir uma nova bancada nascente, se optasse antes por uma remodelação profunda da bancada poente. A isto poderia ainda somar-se uma bancada complementar sobre o edifício que nascerá a norte.

O resultado?
  1. Uma bancada poente moderna e funcional;
  2. Um aumento ligeiro da capacidade do estádio;
  3. Menor impacto das nortadas, que tantas vezes se fazem sentir nos Arcos.
  4. Talvez fosse uma solução mais inteligente, mais económica e que respondesse às verdadeiras necessidades do clube e dos adeptos.

No fundo, a grande questão não é se o Estádio dos Arcos tem ou não condições para ser utilizado na Primeira Liga. Tem, e os números provam-no. A grande questão está em como o estádio é percebido por quem vê de fora. E isso, felizmente, tem solução.