28.3.25

Grupo39 - Apesar de todo o reconhecimento merecido, há questões que precisam de ser colocadas e devidamente respondidas

(Antes de iniciar este artigo, quero, mais uma vez, reconhecer a importância deste grupo de pessoas e das suas iniciativas. Sou um cliente habitual do bar da Avenida em dias de jogo no Estádio dos Arcos (e continuarei a ser), assim como serei um dos seguidores do novo podcast. Conheço alguns dos elementos há muitos anos. Convivo com eles em dia de jogo. Este reconhecimento não é um mero formalismo – acredito genuinamente que estas iniciativas são muito positivas para a ligação entre os adeptos e o clube. No entanto, não podem seguir o caminho que têm seguido, sob pena de se tornarem num caso de favorecimento e nepotismo.)


A 28 de agosto de 2024, escrevi no Reis do Ave sobre a situação da Associação Grupo 39, destacando que a sua direção estava cessante e levantando questões sobre quem a geria, de que forma o fazia e se o clube tinha tomado alguma posição relativamente a este cenário. Questionei também se os protocolos e regalias concedidas à associação continuariam em vigor até que a situação fosse regularizada.

Além disso, mencionei que a direção desta associação se tinha demitido no final da época passada e que, ao não terem sido realizadas eleições conforme previsto nos estatutos, deixavam de estar legitimados para exercer funções (a mesma já não teria legitimada porque as eleições não tinham ocorrido nos períodos previstos nos seus estatutos). Referi ainda que alguns sócios afirmavam nas redes sociais estar a assegurar o funcionamento da associação, assumindo de forma não oficial a gestão do seu património, o que levantava dúvidas sobre a legitimidade dessa administração, já que não tinham sido eleitos pelos associados.

Por fim, alertei para o facto de não terem sido apresentados relatórios de contas durante vários exercícios e questionei a situação do bar atribuído à associação, que continuava a funcionar mesmo sem uma direção formal, levantando dúvidas sobre quem estaria a assegurar a sua operação.

Era também habitual ver esta associação a promover os jogos do Rio Ave, disponibilizando bilhetes e pacotes que incluíam transporte para todas as deslocações do clube em competições nacionais. No entanto, essa prática foi abruptamente interrompida após a publicação do artigo de 28 de agosto de 2024, tal como, por breves momentos, o bar situado junto ao estádio do Rio Ave encerrou atividade.

No fundo, suspeito que a direção presidida por Alexandrina Cruz, leitora atenta do Reis do Ave, percebeu a gravidade do que foi exposto no artigo. Como consequência, a associação deixou de promover packs para os jogos fora e o funcionamento do bar foi temporariamente suspenso.

Pouco tempo depois, os meios de comunicação da associação sofreram um "rebranding", passando a designar-se "Grupo39_acrara" (logo manteve-se). A 22 de outubro de 2024, publicaram um comunicado onde afirmavam:

"Desde 2021, o Grupo39 tem o orgulho de apoiar o Rio Ave Futebol Clube com toda a dedicação e paixão. Com o processo de legalização em andamento junto das entidades responsáveis do desporto português, podemos garantir que em breve estaremos de volta às bancadas e ao convívio diário com os nossos adeptos e clube. O nosso objetivo é voltar a unir os adeptos Riovistas no apoio incondicional ao Rio Ave Futebol Clube. Fiquem atentos para mais novidades em breve."



Como se pode ver, tal como os próprios assinalam, o Grupo já existe pelos menos desde 2021.

Desde 22 de Outubro de 2024, este grupo tem estado mais ativo na mobilização dos adeptos em dias de jogo do Rio Ave, e o bar situado nas imediações do estádio reabriu.

Nas últimas semanas, voltou também a surgir a promoção de packs de deslocação + bilhete de jogo nas redes sociais do grupo. No entanto, há uma diferença em relação ao que se fazia antes da publicação de 28 de agosto de 2024: se anteriormente toda a informação era divulgada abertamente nos meios de comunicação do grupo (incluindo horários de saída e preços dos packs), agora limitam-se a fazer um "teaser", convidando os interessados a enviar mensagem privada para obter mais detalhes sobre os bilhetes e as viagens.

Ontem, este mesmo grupo anunciou o lançamento de um novo projeto: o podcast "Pr'Além dos Arcos", cujo primeiro convidado será o capitão Vítor Gomes. Apesar de não haver confirmação oficial, tudo indica que as ligações entre este "novo grupo" e a direção do clube permanecem intactas.

Antes de destacar as questões que considero fundamentais, é importante reconhecer o valor destas iniciativas. Elas contribuem para uma maior ligação entre o clube e os adeptos, oferecem condições mais vantajosas para os associados do Rio Ave FC e trazem novas dinâmicas, como o podcast agora anunciado. Aliás, este tipo de projeto deveria ter sido uma aposta do próprio clube há muito tempo.


Apesar deste reconhecimento, há questões que precisam de ser colocadas e devidamente respondidas:
  1. Esta nova associação (ou a anterior, agora com rebranding) já regularizou a sua situação legal? O relatório e contas foi finalmente elaborado?
  2. Quem compõe os órgãos sociais desta associação e quando foram legitimados para assumir essas funções?
  3. Em que ponto ficaram as situações pendentes da Associação mãe (Grupo39)?
  4. O bar situado junto ao estádio pertence ao clube/SAD. A quem está a ser cedido esse espaço? Existem contrapartidas associadas a essa cedência?
  5. A direção do clube ou os administradores da SAD estão a conceder vantagens comerciais e fiscais a um grupo restrito de indivíduos, a título pessoal ou existe um protocolo que esteja devidamente formalizado com o suposto grupo?

Além disso, importa lembrar que, segundo a Presidente Alexandrina Cruz, estará para breve a apresentação do concurso para a exploração da sede do Rio Ave FC. Será interessante acompanhar de perto esse processo e o seu desfecho.


Finalizo este artigo da mesma forma que finalizei o último:
Para o bem do Rio Ave FC, é fundamental que a direção do clube atue dentro dos trâmites legais e morais.
Para o bem deste movimento, é essencial que tudo seja feito de forma transparente e correta.

Tendo sido impossível obter qualquer resposta da presidente da direção do clube a questões enviadas por e-mail ao longo do último ano, reservarei um momento na próxima Assembleia Geral para a questionar diretamente. Além disso, tomei a liberdade de abordar o presidente executivo da SAD, Boaz Toshav, para obter esclarecimentos sobre esta situação (no que diz respeito a protocolos feitos com a SAD) e assim que receber um feedback irei colocar-vos a par.