Há cerca de três semanas, escrevi sobre a nova proposta de quotização apresentada pela direção do Rio Ave. Para além de detalhar todas as novidades, sublinhei que a mesma proposta não respeitava os estatutos do clube. Preocupado com esta irregularidade, tomei a iniciativa de escrever à Presidente Alexandrina Cruz e ao Presidente da Mesa da Assembleia Geral, Amândio Couteiro, para expor a situação.
Infelizmente, a falta de resposta foi notória. Da Presidente Alexandrina Cruz, não recebi qualquer tipo de contacto, nem por email, nem por telefone – algo que é estranho de uma presidente que diz que quer aproximar o clube dos sócios.
Já o Presidente da Mesa da Assembleia, apesar de não ter respondido ao email enviado, teve o cuidado de me ligar uma semana depois. Nessa chamada, informou-me que tinha colocado a minha exposição à consideração da direção, que, por sua vez, afirmou que a proposta estava em conformidade com os estatutos e que havia um parecer jurídico a sustentá-lo. O próprio Presidente confessou não conseguir identificar o incumprimento estatutário que eu tinha apontado.
Relembro o que coloquei à consideração:
"Esta proposta de atualização do valor da Quotização não respeita os nossos estatutos. Até à data, os jovens entre os 13 a 25 anos pagavam apenas 4€ mensais. Com esta alteração, todos os "jovens" maiores que 18 anos começarão a pagar 5€ mensais. Há também alterações (fica mais caro) para os sócios por correspondência. Ora segundo o Artigo nº78 alinha J " Compete à assembleia geral extraordinária decidir sobre o estabelecimento de joia nos termos do Artigo treze dos presentes estatutos e decidir sobre o aumento das quotas". Esperando que o presidente da MAG e do clube queiram respeitar os nossos estatutos, pode-se concluir portanto, que a direção tem uma de duas soluções: ou incluir os sócios entre os 18 e 25 anos na categoria de Jovem (reformulando o que divulgou) ou então o presidente da assembleia convocar todos os sócios para uma assembleia extraordinária para validação desta proposta. (Tomei liberdade de expor a situação ao presidente Amândio e à presidente Alexandrina"
O Pedido de Provas
Durante essa conversa, o Presidente da Mesa da Assembleia pediu-me que provasse o valor de quotização que tinha referido como base de comparação. Segundo ele, tinha procurado o preçário antigo que mencionei, contactado os serviços do clube e visitado a loja, mas todos lhe garantiram que os valores mencionados não correspondiam ao preçário oficial.
Não sei se esperavam que eu não conseguisse "provar", mas a verdade é que enviei ao Presidente da Mesa da Assembleia comunicações antigas feitas pelo próprio clube que confirmavam o preçário mencionado. Desde então, não tive qualquer feedback, nem do Presidente da Mesa da Assembleia, nem da Presidente Alexandrina Cruz.
As Alterações silenciosas
Curiosamente, apesar do silêncio, a verdade é que houve alterações à proposta de quotização. É importante frisar que não espero um telefonema para me dar razão, mas seria de bom-tom que me tivessem contactado para reconhecer o erro e agradecer a ajuda. Algo como: "Olhe Daniel, existe na verdade um erro. Obrigado por nos ajudar a identificá-lo. Vamos corrigir." Ficava bem, o problema era resolvido e eu até nem abordaria mais o assunto.
Contudo, parece que o ego fala mais alto, e esse gesto de humildade ficou por acontecer. Pior ainda, as alterações foram feitas sem qualquer comunicação aos sócios. Durante o dia de ontem, corrigiram os erros silenciosamente, na expectativa de que ninguém reparasse.
O Amadorismo nas Correções
Se a falta de comunicação já é grave, o amadorismo com que as alterações foram feitas eleva ainda mais a preocupação. Nas várias comunicações disponíveis, os preços corrigidos continuam inconsistentes entre si. Como é possível corrigir algo e, ainda assim, não conseguir assegurar a uniformidade das informações?
Numa página anunciam um preço (o que tinha sido proposto antes de expor o que expus) - Podem clicar para ver. Deixo também a imagem porque certamente que irão corrigir assim que lerem isto.
Senhor Presidente e Senhora Presidente, poderia, mais uma vez, ter tido o cuidado de vos endereçar diretamente um email a sugerir as correções necessárias para assegurar a uniformidade nas comunicações. Contudo, tendo em conta que não tiveram a consideração de me dar qualquer tipo de feedback às exposições anteriores e sabendo que são leitores atentos do que escrevo, considerem-se informados.
Fico satisfeito por, de alguma forma, ter contribuído para o cumprimento dos nossos estatutos. Afinal, todos queremos o melhor para o nosso clube, e isso só se consegue com transparência e profissionalismo. Aconselho também a direção a equacionar consultar outras entidades ou outras pessoas quando tiver de pedir novamente pareceres jurídicos porque até um jovem sem qualquer tipo de experiência académica na matéria detetou facilmente o erro.
Para memória futura, fica aqui o que estava em vigor (antes da proposta), o que foi proposto antes da minha exposição, e o que entretanto está comunicado e que em breve deverá ser novamente corrigido.
(proposta que estava em vigor até 31 de Dezembro)
(proposta que estava online até dia 9 de Janeiro às 16h)
(proposta que está online hoje, dia 10 de Janeiro as 00h15)
Há ainda uma situação que pedi mais esclarecimentos (por email) ao Presidente da Mesa da Assembleia e à Presidente da Clube.
Nesta última proposta, foi estipulado que os sócios correspondentes terão de pagar um valor único correspondente a um pagamento anual (só isso é que justifica a distinção das outras categorias como está na imagem e simulando é isso que o clube obriga neste momento a pagar). Anteriormente não era exigido isso. Contudo, no Artigo 17.º dos nossos estatutos está claramente definido: "O sócio proposto, uma vez admitido como sócio, terá que pagar no ato da entrega do seu cartão de identificação, as quotizações referentes a um período compreendido entre um e seis meses a definir por deliberação da direção."
É meu entendimento que proposta apresentada viola diretamente este artigo dos estatutos (no mínimo para os novos sócios), ao obrigar a um pagamento anual correspondente a 12 meses, desrespeitando o que está estatutariamente estipulado.
Pedi esclarecimentos. Tendo resposta ou observando alterações atualizarei o assunto.