Nas últimas duas semanas, o nosso estádio tem sido alvo de uma onda de melhorias dignas de fazer inveja a qualquer programa de remodelação televisiva. Muros pintados, fachadas rejuvenescidas e zonas de trabalho mais polidas. Tudo em tempo recorde. Mas, claro, há sempre um motivo por detrás desta súbita dedicação ao lar do nosso clube.
Afinal, a razão parece ser a iminente visita do dono (não oficial) do Rio Ave, Evangelos Marinakis, magnata grego e proprietário de vários clubes, entre os quais o Olympiakos. Marinakis poderá estar de passagem pela nossa zona, aproveitando o jogo entre o FC Porto e o Olympiakos (jogam dia 23 para a Liga Europa), e corre o rumor de que pode fazer uma visita ao nosso estádio.
É aqui que começa uma missão quase diplomática de maquilhar o estádio, como quem arruma a casa à pressa antes de receber visitas importantes. Afinal, não queremos que o senhor Marinakis leve consigo a ideia de que um dos “seus palácios" é, na verdade, um castelo em ruínas.
Porém, há um detalhe que me preocupa. E se, durante a sua visita, Marinakis precisar de ir ao WC? Vamos assumir que um magnata grego, habituado ao luxo dos melhores estádios do mundo, decide espreitar as casas de banho que servem os nossos adeptos. Será que o impacto da experiência o fará repensar o investimento no clube? Será que estará preparado para urinar contra uma parede,para lavar as mãos nas torneiras que funcionam com teimosia, ou com a ausência de sabão para lavar as mãos?
Sugiro à administração que, nesta onda de reformas, desvie uma pequena fatia do orçamento para garantir que as casas de banho do estádio não sejam uma surpresa desagradável. Afinal, como se costuma dizer, os detalhes fazem toda a diferença.
Brincadeiras à parte, já que estamos a dar uns retoques aqui e ali, porque não incluir os balneários dos adeptos nesta lista de melhoramentos? Não custa sonhar com um dia em que possamos ir ao WC sem sentir que estamos a participar num episódio de um programa de sobrevivência.
Seja como for, aguardemos ansiosamente pela visita do nosso "dono". Talvez ele veja o potencial do estádio, mas, mais importante, talvez veja o potencial das nossas casas de banho... e decida agir. Afinal, todos merecemos um pouco de dignidade, mesmo nos momentos mais básicos.
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