Nos últimos tempos, tem sido evidente o descontentamento de muitos sócios relativamente à forma como a SAD tem gerido as saídas de jogadores emblemáticos do Rio Ave FC. Não me parece que este desagrado se deva à crença de que o futuro do clube deveria continuar a passar por esses jogadores, mas sim pela forma pouco cuidada como têm sido tratados.
De forma geral, a perceção que tenho é que a maioria dos sócios até compreende e aceita que alguns destes atletas, como Jonathan e Aderlan Santos, já não se encaixam no plantel atual. O problema, no entanto, reside na maneira como os processos de saída são conduzidos. Exemplos recentes ilustram este ponto: comunicar a dispensa de um jogador na véspera de um jogo, colocá-lo a titular nessa mesma partida e, no dia seguinte, afastá-lo do clube, ainda com um vídeo onde a mágoa do jogador é evidente, é um método que, naturalmente, gera desconforto e críticas legítimas.
As manifestações dos sócios, diversificadas e por vezes emocionadas, refletem uma preocupação genuína e não devem ser interpretadas como uma oposição cega à gestão ou às decisões estratégicas da SAD. Não há dúvidas de que os sócios desejam o melhor para o clube, tanto no plano desportivo como financeiro, e muitos até acreditam que, a médio prazo, o clube poderá sair mais fortalecido. No entanto, é essencial que este caminho seja trilhado com respeito por quem ajudou a construir a história recente do Rio Ave e com consideração pelos valores que o clube sempre defendeu.
Infelizmente, temos assistido a uma tentativa de desvalorizar estas manifestações, com algumas pessoas ligadas ao clube a adotarem uma retórica que sugere que os sócios não compreendem as decisões tomadas ou que não têm o direito de criticar. Pior ainda, estas vozes, por vezes, parecem transmitir uma mensagem alinhada com a direção, insinuando que qualquer discordância é um ataque à capacidade da SAD de gerir o clube. Esta postura é profundamente injusta e desnecessária.
Os sócios não estão a colocar em causa a visão estratégica ou os objetivos de longo prazo da SAD. Estão, sim, a exigir que os processos sejam conduzidos com respeito e dignidade, tanto para os jogadores como para o clube. E têm todo o direito de o fazer.
Nada é totalmente imperfeito, assim como nada é totalmente perfeito. Há espaço para diálogo e melhoria, e é isso que se espera de uma relação saudável entre os sócios, a SAD e a direção do Rio Ave FC. É essencial que este ambiente de crítica construtiva não seja sufocado por uma nova realidade onde todas as opiniões divergentes são rotuladas como incompetentes ou destrutivas.
Deixemos as pessoas expressarem o seu desagrado sem que isso seja visto como uma ameaça à gestão. Porque no fim, todos – sócios, dirigentes e jogadores – queremos o mesmo: ver o Rio Ave crescer e consolidar-se como um clube forte e respeitado, dentro e fora de campo.
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