A direção do Rio Ave anunciou esta semana uma nova campanha para os seus sócios, trazendo mudanças significativas nos valores e condições de adesão. Esta campanha tem como objetivo atrair mais adeptos e reforçar o espírito Rioavista, mas nem todas as medidas para mim são consensuais. Aqui está um resumo das principais alterações e uma análise crítica sobre as mesmas.
Duas pequenas notas antes de uma análise mais pormenorizada:
1. Esta proposta de atualização do valor da Quotização não respeita os nossos estatutos. Até à data, os jovens entre os 13 a 25 anos pagavam apenas 4€ mensais. Com esta alteração, todos os "jovens" maiores que 18 anos começarão a pagar 5€ mensais. Há também alterações (fica mais caro) para os sócios por correspondência. Ora segundo o Artigo nº78 alinha J " Compete à assembleia geral extraordinária decidir sobre o estabelecimento de joia nos termos do Artigo treze dos presentes estatutos e decidir sobre o aumento das quotas". Esperando que o presidente da MAG e do clube queiram respeitar os nossos estatutos, pode-se concluir portanto, que a direção tem uma de duas soluções: ou incluir os sócios entre os 18 e 25 anos na categoria de Jovem (reformulando o que divulgou) ou então o presidente da assembleia convocar todos os sócios para uma assembleia extraordinária para validação desta proposta. (Tomei liberdade de expor a situação ao presidente Amândio e à presidente Alexandrina).
2. Dizer ainda que a direção propõe hoje uma coisa diferente do que tinha apresentado em Agosto do Ano passado. Poderão consultar a foto do que foi apresentado no fim deste artigo).
Fim da diferenciação de género nos valores das cotas: Agora, tanto homens como mulheres pagarão o mesmo valor.
Manutenção da gratuidade para sócios até aos 12 anos: As crianças desta faixa etária estarão isentas de pagamento.
Desconto de 50% para jovens até aos 18 anos: Uma redução significativa que visa incentivar a adesão dos mais novos.
Desconto de 50% para pessoas com mais de 65 anos em condições específicas: Aplicável a quem tenha uma reforma mensal igual ou inferior a 1,5 vezes o salário mínimo nacional.
Redução geral no valor das cotas: Uma medida que visa tornar mais acessível a adesão de sócios.
Pontos de Concordância
Igualdade de género nas cotas: Num contexto em que se busca igualdade em várias frentes, esta é uma medida justa e necessária. Contudo, o ideal seria que o valor fosse nivelado por cima, garantindo maior receita anual para o clube, ainda que isso exigisse aprovação em Assembleia Geral.
Gratuidade até aos 12 anos: Uma aposta acertada para fomentar o sentimento Rioavista desde cedo. Tornar crianças sócias desde pequenas pode ser um importante passo para assegurar o futuro do clube, desde que complementado com iniciativas que reforcem o vínculo com os mais novos.
Desconto para jovens até aos 18 anos: Enquanto os jovens ainda não têm autonomia financeira, esta redução faz todo o sentido, permitindo que a adesão ao clube seja viável para as famílias.
Pontos de Discordância
Critérios para o desconto aos maiores de 65 anos: O critério de 1,5 vezes o salário mínimo (1.253,24€) para atribuir desconto suscita dúvidas de equidade. Fará sentido dar um desconto no valor da quotização a um sócio com mais de 65 anos que ganhe 1253,24€ por mês? Não será injusto em comparação com uma pessoa que tenha por exemplo 40 anos e esteja desempregado? Ou que viva apenas com o rendimento social de inserção? Ou que ganha apenas o ordenado mínimo? Penso sinceramente que a direção do clube devia refletir sobre este enquadramento.
Redução geral do valor das cotas: A medida mais controversa da campanha. Num momento em que o clube perdeu importantes fontes de receita devido ao acordo com a SAD, esta redução de cerca de 30% na quotização parece arriscada. Apostar numa estratégia populista, esperando um aumento proporcional no número de sócios pagantes, pode comprometer investimentos estratégicos, como o desenvolvimento do futsal ou o reforço na formação e no feminino. A médio prazo, esta decisão pode revelar-se desastrosa do ponto de vista financeiro.
Espero ainda que esta descida não tenha sido decidida para compensar um possível aumento no valor dos lugares anuais (receita que agora reverte para a SAD)
(proposta que tinha sido apresentado informalmente aos sócios em AG pela direção em Agosto de 2023)