No início desta semana, abordei o erro crasso que é marcar jogos para horários tão tardios, especialmente em dias de semana. Sete dias passados, vemos esta situação a repetir-se agora ainda é mais incompreensível.
O Rio Ave vai realizar um jogo numa segunda-feira, às 20:45, a quase quatro horas de distância de Vila do Conde. Pergunto mais uma vez: quem é o iluminado que decide estas aberrações?
Vejamos o impacto desta decisão. O jogo, previsto para terminar depois das 23 horas, implica que os adeptos do Rio Ave cheguem a casa, na melhor das hipóteses, às 03:30 da manhã. Isto, claro, assumindo que não há atrasos no regresso. E para quem trabalha no dia seguinte? Ou para as famílias que levam os mais jovens a assistir ao jogo? Estas situações simplesmente ignoram a realidade de quem acompanha o clube.
Por que motivo não se consideraram alternativas mais razoáveis? Domingo às 19h, por exemplo, teria sido uma solução ideal. Inserir o jogo entre os outros dois agendados para esse dia seria algo lógico, equilibrando os interesses de transmissão televisiva e dos adeptos. Ou até mesmo marcar o encontro para as 15h de Domingo, antes dos dois jogos do dia. Estas opções mostram que alternativas existem — o problema é a falta de vontade em colocá-las em prática.
A situação torna-se ainda mais revoltante quando analisamos o contexto. O nosso opositor, o Estrela da Amadora, não teve qualquer jogo a meio da semana que pudesse justificar este agendamento tardio. Então, qual é a desculpa para sujeitar os adeptos do Rio Ave a este sacrifício? Não existe justificação lógica ou razoável.
E é aqui que surge outra questão fundamental: onde estão os dirigentes do nosso clube? A direção do Rio Ave SAD, tem o dever de defender os interesses dos seus sócios e adeptos. Contudo, até agora, não se ouviu uma palavra por parte da direção sobre esta situação. Como é possível que se mantenham em silêncio perante algo que afeta diretamente quem acompanha o clube com tanto empenho?
Manifestar-se contra estas decisões é um ato de responsabilidade. Os dirigentes têm o dever de questionar quem marca estes horários e exigir alterações. Ignorar o impacto destas escolhas é, no mínimo, uma negligência para com a paixão e o esforço dos adeptos.
O futebol é feito para os adeptos. São eles que enchem os estádios, que fazem viagens intermináveis para apoiar a equipa e que continuam a acreditar, jogo após jogo, mesmo nos momentos mais difíceis. Decisões como esta ignoram essa realidade e tratam os adeptos como um fator secundário.
Nós, enquanto adeptos e associados, devíamos exigir mais da direção do nosso clube (que nos defendesse), mas a verdade é que umas castanhas e umas sandes de porco acabam por sarar tudo. Horários tardios em dias de semana, especialmente em deslocações longas, são um desrespeito claro para com todos os que vivem o futebol com paixão. E é por isso que esperava uma posição firme dos dirigentes do Rio Ave. Defender os interesses dos sócios não é apenas uma obrigação é uma forma de garantir que o clube continua a ser o que sempre foi: uma família apaixonada e unida em torno de um sonho comum.
Mas vou-me resignar e ficar agradecido pelas castanhas recebidas no São Martinho e pelo porco no espeto mais para o final da temporada.