Há momentos na vida de um clube em que a ausência pesa mais do que qualquer presença. E, no caso do Rio Ave FC, esse vazio tem um nome bem definido: Alexandrina Cruz, presidente da SAD e do clube.
Quando as marés estão calmas, quando há inaugurações, cerimónias, apresentações ou oportunidades fotogénicas, a presença é garantida. Surge sorridente, disponível, pronta para as objetivas e para as formalidades do protocolo. É nessa altura que a liderança aparece – quando nada a desafia, quando tudo está alinhado, quando o vento sopra a favor.
Mas basta a maré mudar. Basta surgir uma crise, uma decisão polémica, uma perturbação séria no funcionamento do clube – como a recente vaga de despedimentos ou qualquer outro episódio crítico – para que a mesma liderança desapareça como quem apaga a luz ao sair de uma sala.
E o silêncio faz-se ensurdecedor.
Os associados, que são a alma do Rio Ave, continuam à espera de explicações.
Continua por esclarecer:
- Que decisões estão a ser tomadas?
- Porquê?
- Com que fundamentação?
- E com que impacto no presente e no futuro da instituição?
São perguntas legítimas de quem ama o clube e exige transparência. Porém, a presidente mantém-se recolhida, distante, ausente do debate que deveria estar a liderar.
Ontem Alexandrina Cruz esteve na cimeira dos Presidentes. Há saída, tinha dezenas de jornalistas. Porquê que não prestou qualquer esclarecimento?
Esta postura cria uma sensação de abandono institucional. Dá a ideia de que há dois modos de atuação: o modo cerimónia, sempre ativo para os holofotes, e o modo crise, que parece desligar-se assim que é preciso assumir responsabilidades. Uma direção não pode ser apenas de fachada. Não pode aparecer apenas quando convém. Não pode fugir quando é chamada a responder.
Porque liderar não é só cortar fitas.
Liderar é enfrentar os momentos difíceis.
Liderar é dar a cara, mesmo quando custa.
Liderar é assumir erros – e corrigi-los.
Liderar é não deixar os sócios às escuras.
O Rio Ave FC merece uma liderança presente, clara, corajosa e transparente.
Os sócios merecem respeito.
E, acima de tudo, o clube merece muito mais do que comunicados vagos ou silêncios prolongados.
Se é verdade que a presidência se mostra quando as águas são calmas, então é chegada a hora de aparecer quando o mar está revolto. Porque é precisamente nessa altura que se percebe quem está verdadeiramente ao leme.
