Há jogadores que carregam uma equipa às costas. No Rio Ave, esse papel tem nome e número: André Luiz.
É ele a solução… e, paradoxalmente, parte do problema.
No momento ofensivo, André Luiz é quase sempre o único capaz de desequilibrar, a criar lances de perigo. Quando o Rio Ave ataca, é ele quem aparece. Quando a equipa precisa de uma jogada diferente, é nele que tudo começa. E quando surgem os raros momentos de ameaça real, normalmente há um denominador comum: a bola passou pelos pés de André Luiz.
Mas aquilo que o torna essencial é também aquilo que expõe uma fragilidade coletiva preocupante.
O Rio Ave depende demasiado de André Luiz. Tão dependente que, ofensivamente, o jogo se torna previsível: quase todas as jogadas procuram o mesmo destino. E no futebol, previsibilidade é sinónimo de problema. As equipas adversárias já sabem perfeitamente onde vai nascer o perigo e, por isso, ajustam-se.
A marcação duplica. A pressão aumenta. A agressividade sobe. E André Luiz passa a ter de lutar não só contra os defesas, mas também contra o sistema que o obriga a ser o início todas as investidas ofensivas.
O resultado é simples:
- O Rio Ave ataca maioritáriamente da mesma forma, e com o mesmo protagonista.
- Os adversários anulam-no com mais facilidade, porque sabem exatamente o que esperar.
- E André Luiz, sobrecarregado e isolado, começa a sentir na pele a fadiga de ser o único ponto de luz num ataque cada vez mais previsível.
Por isso, André Luiz é simultaneamente solução e problema.
Solução, porque é o único que dá vida ao ataque.
Problema, porque a equipa não tem alternativas que dividam responsabilidades, confundam adversários ou libertem o próprio André Luiz para brilhar com mais espaço.
O Rio Ave precisa urgentemente de criar um modelo ofensivo que não dependa exclusivamente dele. Não para o substituir — porque esse não é o ponto — mas para o potenciar, para que deixe de ser um farol solitário e passe a ser a peça mais brilhante de um ataque coletivo, variado e imprevisível.
Enquanto isso não acontecer, André Luiz continuará a ser aquilo que é hoje:
a solução que resolve… e o problema que expõe tudo o resto.

