13.11.25

Uma equipa e um “forte” que já não é o mesmo




Ao fim de 11 jornadas, o Rio Ave soma 12 pontos.

É um número que, por si só, não seria dramático — mas que, olhando mais de perto, revela uma tendência preocupante.

Somos a equipa com mais empates no campeonato, e isso tem um preço: menos vitórias.
Apenas duas equipas — o último e o penúltimo classificados — venceram menos jogos do que nós, e há outras tantas com o mesmo número de vitórias.
Por outro lado, estamos a meio da tabela no que toca a derrotas sofridas, o que mostra uma equipa que perde pouco… mas também ganha pouco



Em casa, o “Forte dos Arcos” perdeu força
Durante anos, jogar nos Arcos era sinónimo de vantagem.
Hoje, já não é.
Temos menos pontos conquistados em casa (5) do que fora (7), mesmo tendo realizado mais um jogo fora.
A notar ainda:
  • Sofremos mais golos em casa do que fora,
  • Marcamos menos golos em casa do que fora.
Os números são frios, mas dizem tudo: à data de hoje, o Rio Ave perdeu a sua fortaleza (algo que obviamente pode mudar ao longo do campeonato).


Quando atacar depende de quatro nomes
Ofensivamente, a equipa tem dependido de um número reduzido de jogadores.
Até agora, apenas quatro atletas marcaram golos no campeonato:
  • Clayton (7)
  • André Luiz (4)
  • Spikic (2)
  • Vroussai (1)

Ou seja, 14 golos divididos entre quatro nomes — e dois deles com o peso quase total da produção ofensiva.


Entre os que marcam e os que sofrem
No cômputo geral, somos a 5.ª equipa com mais golos sofridos no campeonato, a par do Alverca.
Ao mesmo tempo, estamos a meio da tabela das equipas com mais golos marcados.
O equilíbrio não existe: o ataque disfarça, a defesa compromete.


A fotografia histórica
Para contextualizar, aqui ficam os pontos do Rio Ave à 11.ª jornada nas últimas dez temporadas (exceto 21/22, em que estávamos na II Liga):


Ou seja: nas últimas dez temporadas, apenas tivemos menos pontos uma vez — no ano da descida.
Nessa altura, tínhamos apenas menos um ponto do que agora.
O paralelismo pode não ser justo, mas os números não mentem. No entanto, sinceramente acho que o desfecho não será o mesmo.


Um início que sabe a pouco
Chegados aqui, posso dizer sem rodeios: este início de temporada é uma desilusão para mim.
Quando és a quinta equipa do campeonato com maior orçamento — pelo segundo ano consecutivo —, é legítimo esperar melhor classificação e sobretudo melhor futebol.

Não estamos ainda no ponto de alarme de 2020/21, mas a sensação é parecida: uma equipa que parece adormecida e sem rumo definido.
Dos 11 reforços contratados no verão, apenas dois (Brabec e Nikos) são presença regular no onze.
Isso, por si só, mostra que o mercado foi mal planeado — ou que quem o planificou e quem o executa (treinador) não estão em sintonia.


Descontentamento crescente
O descontentamento dos sócios é hoje mais evidente do que nunca.
Não apenas porque os resultados são curtos, mas porque muitos sentem que a entrada da SAD não trouxe qualquer melhoria desportiva visível.
E quando até o “forte dos Arcos” deixa de o ser, o sentimento agrava-se.

Sim, é verdade que o Rio Ave teve mérito nas vitórias frente ao Tondela e ao Estrela — jogos que valem ouro no contexto em que estamos —, mas sejamos claros:
sem esses seis pontos (frente a duas das quatro piores equipas do campeonato), estaríamos mergulhados num cenário bem mais preocupante.


A reflexão necessária
Um clube com um orçamento a rondar os 30 milhões de euros, o quinto maior da Liga, devia neste momento mostrar muito mais — em jogo, em ambição e em resultados.
Os dados são factuais, a análise é inevitável:
o Rio Ave 25/26 está muito aquém do que devia estar.