Foi hoje oficialmente anunciado o novo preçário dos lugares anuais do Rio Ave FC para a época 2024/2025. E, tal como já aqui tinha sido escrito anteriormente, o aumento generalizado dos preços era apenas uma questão de tempo. A política de preços baixos e congelados que vigorou durante vários anos não iria continuar com a nova estrutura da SAD.
Comecemos pela verdade dos números: os preços apresentados continuam a ser, comparativamente a muitos outros clubes da I Liga, acessíveis. É justo reconhecê-lo. Mas nem tudo é positivo – e há dois aspetos que merecem reflexão e crítica construtiva.
1. A criação de uma expectativa que não se confirmou
A presidente do clube, em declarações públicas, deixou a indicação de que não haveria grandes alterações nos preços. Ora, quando comparamos os novos valores com os anteriores, verificamos que em certos setores houve aumentos de 100% – como é o caso da bancada descoberta.
Não se trata aqui de discutir se o novo valor é ou não justo – porque isso dependerá da realidade de cada sócio. Trata-se sim de perceber que foi criada uma expectativa que não correspondeu à realidade. E isso, por si só, mina a confiança e gera insatisfação, sobretudo quando falamos de sócios que ano após ano mantêm o seu lugar no estádio.
Para mim, o erro mais grave de todo este processo foi a forma como Alexandrina Cruz comunicou o tema: faltou-lhe clareza e rigor na abordagem.
2. A incoerência nos critérios de aumento
Outro ponto curioso é o facto de, por exemplo, os lugares cativos terem agora um preço inferior ao da época passada, precisamente numa altura em que todo o estádio está a ser requalificado, com melhorias significativas nas zonas centrais e cobertura alargada na bancada poente. Ou seja: enquanto os setores piores veem o seu preço duplicar, os setores mais privilegiados têm agora um custo menor.
É uma lógica que, no mínimo, levanta dúvidas: qual é, afinal, o critério para estes reajustes? E como é que se pretende fidelizar os sócios de sempre quando o esforço pedido é tão assimétrico?