28.2.25

Rebranding em vez de evolução: A falta de visão na gestão dos novos cartões



Na última semana, o Rio Ave anunciou o lançamento de novos cartões de sócio, estando estes disponíveis para levantamento por todos os associados que o desejem.

Mas quais são, afinal, as mudanças?

Até agora, os cartões apresentavam designs distintos consoante a categoria do sócio. Com esta alteração, todos passam a ser iguais, diferenciando-se apenas na cor e no número de arcos, que representam o número de associado.

(Parte frontal do novo cartão)


Na prática, o que é que isto acrescenta?

Ao levantar o meu novo cartão, esperava encontrar alguma inovação, mas rapidamente percebi que se tratava apenas de um retoque estético. Não há qualquer funcionalidade adicional, sendo apenas um rebranding visual. A única alteração prática é a atualização da assinatura do Presidente do Rio Ave FC — algo que, sinceramente, não me parece justificar os custos elevados que este processo acarretou.

Aliás, ao deslocar-me à loja, constatei que o clube optou por produzir novos cartões para todos os sócios, mesmo para aqueles que não os solicitaram. Perguntam vocês: "Mas isso não é o que deveria acontecer?". A resposta é simples: Não! Todos os anos há sócios que deixam de o ser, o que significa que o clube gastou dinheiro na emissão de cartões que nunca serão levantados. O caso torna-se ainda mais absurdo quando sabemos que até sócios com quotas em atraso — há meses ou mesmo anos — tiveram novos cartões feitos. Daria mais trabalho? Sim. Mas havia menos despesa que poderia ser direcionada para outras coisas. (A título de exemplo, o FCPorto também fez uma atualização do cartão há pouco mais de 3 meses, e só fez cartões para quem tinha menos de seis meses de quotas em atraso).

Se já estava desiludido por não haver inovação (por exemplo, a tecnologia contactless ou QRCODE ou a possibilidade de ter um cartão digital, que teriam sido excelentes adições, não foram implementada), o pior veio ao perceber que regredimos em alguns aspetos:

Os novos cartões mantêm o código de barras, mas removem os números que o acompanhavam. E isto tem um impacto prático negativo. Sem esses números, os sócios do Rio Ave perdem o acesso direto à aquisição de bilhetes na plataforma oficial online da Liga e da Federação (SmartFans). Esta funcionalidade permitia, muitas vezes, comprar bilhetes a preços mais baixos do que os praticados pelo próprio clube, devido a protocolos estabelecidos pela Liga. Agora, essa opção deixa de estar disponível de forma direta, especialmente para novos sócios (Teremos todos de ligar para o clube a perguntar quais são os novos códigos ou se os mesmos se mantêm. E sempre que não soubermos quais são os números, perdemos a hipótese de consultar no cartão).

(Novo cartão)

(Cartão antigo)


(Dados necessários na plataforma oficial da Liga e Federação)


Este processo demorou mais de um ano e meio a ser pensado e implementado, gerou custos consideráveis para os cofres do clube, e no fim das contas, trata-se apenas de uma mudança estética que não trouxe qualquer inovação — pelo contrário, resultou até num retrocesso em alguns aspetos.
Aliás, esta troca de cartões deveria ter sido aproveitada no mínimo para fazer a atualização do número de sócios (o que levou a ninguém se lembrar/desejar de atualizar o número de associados? Tenho o meu palpite). Relembro que os nossos estatutos preveem que em 5 em 5 anos se faça a renumeração do número de associados. (Artigo 116º) O que quer isto dizer, que ao abrigo dos nossos estatutos e para não se entrar em novos incumprimentos como tem sido norma, o clube terá de ter novamente esta despesa até final de Dezembro de 2025 (amadorismo ou desconhecimento?)




Uma oportunidade perdida e muitos milhares gastos para zero inovação e de certa forma alguma regressão.
Falta de visão.
E infelizmente sou obrigado a concluir que falta gente qualificada para realizar estas mudanças.



ATUALIZAÇÃO
Entretanto um sócio alertou-me para o facto de poderem existir discrepâncias entre os cartões de sócio tendo em consideração uma das fotos de divulgação do clube. O cartão de sócio do André Luiz tem os números necessário no código de barras e o do Vítor Gomes não tem.