16.2.22

A Cara e a Careta

Nos últimos 2-3 meses a contestação à equipa do Rio Ave FC tem vindo a subir de tom.

Desde à direcção pelas contratações, empréstimos e negócios inexplicáveis nesta janela de janeiro, bem como o papel de alguns assalariados com cargo de directores na SDUQ, passando pelo departamento de comunicação e marketing com exponente máximo no post relativo ao SuperBowl, indo ainda a alguns jogadores, nomeadamente Pedro Amaral e A. Santos; mas principalmente com mais ênfase ao treinador.

E a verdade é que o treinador, apesar de na prática a situação não ser alarmante, pôs-se a jeito.

Luís Freire resolveu inovar para uma linha de 3 centrais, adaptando um jogador a um desses 3 lugares, jogador esse, cujo rendimento na sua posição de origem já vinha sendo mau. Ao mesmo tempo, tirou um jogador da equipa com o qual os adeptos se identificavam, pela presença, pela postura, pela tomada de decisão de ter de jogar feito quando o tinha de fazer (será que foi isso que o tirou da equipa?), até pelo jogo aérea ofensivo, que desde que saiu da equipa perdemos e muito, algo que nos deu golos na fase inicial da época - Hugo Gomes. E o Rio Ave FC precisa de marcar golos.

Pior que isso foi o treinador do Rio Ave FC vir para conferências de imprensa negar que jogávamos com 3 centrais e que isso apenas acontecia pontualmente na saída de bola e que tinha como objectivo as incursões de Amaral/Sávio pela esquerda, o que proporcionaria desequilibro no adversário. Pois bem, os adeptos do Rio Ave FC não são treinadores e é óbvio que o Sr. Luis Freire percebe mais de futebol do que nós. Contudo, o comum adepto do Rio Ave FC também não é cepo nenhum e está habituado a ver jogos de uma equipa que luta pela Europa, jogos de Liga Europa, jogos onde a nossa equipa defronta equipas que se apuram para a Liga dos Campeões e jogos de finais e meias-finais de provas internas. Como se pode ver nas imagens, Gabriel é o nosso lateral esquerdo, Amaral é central, defendemos com uma linha 3 com a defesa mais subida e com uma linha de 5 em defesa posicional mais baixa. E isto acontece sistematicamente. Portanto não é 3 a sair. É 3 centrais - Ponto.

Acontece também, sempre, termos 11 jogadores nossos dentro da nossa área nos cantos contra nós e não é apenas quando estamos em vantagem no marcador. É sempre, seja em casa ou fora, do primeiro ao último minuto. Isto não é de equipa que quer ganhar. É de equipa que não quer perder.

Portanto, não sendo treinadores, os adeptos do Rio Ave FC também não gostam de ser comidos por lorpas; se o treinador tem razões para apontar o decréscimo da qualidade nos últimos jogos, também tem de ter coragem para admitir que no que está ao seu alcance as coisas também não estão todas bem.

Se é verdade que já fomos mais vezes prejudicados que beneficiados e se é verdade que tantos jogos em 4 semanas é desgastante, tem de ser verdade também que não se pode escamotear a falta de qualidade no jogo do Rio Ave FC e os erros graves principalmente na transição defensiva. 

Como é que se explica que antes dessa série já tenhamos sido virados em casa de 1-0 para 1-2 com Mafra e com Viseu?

Como é que se explica que se deixe um jogador como A. Santos em campo na Taça quando nas bancadas ao intervalo já se comentava "da maneira que ele é, vai ser expulso, mais valia troca-lo já" (não obstante de Hugo Gomes ter responsabilidades no golo sofrido) - e foi expulso, mais uma vez por uma estupidez. No último jogo contra o Estrela da Amadora há 2 dos 3 centrais amarelados e o A. Santos - único que não estava, que desta vez foi central pelo meio, decidiu sair a jogar pelo meio, com o resultado em 1-0, perdendo a bola em zona perigosa e deixando os seus 2 companheiros da defesa, já amarelados em situação que poderia haver necessidade de fazer falta para amarelo. Nem o jogador pensou nisso, nem o treinador precaveu essa possibilidade, com 5 substituições que agora se podem fazer?

Joguem os laterais que jogarem, os erros são sempre os mesmos. Chega trocar os jogadores? Não é preciso mais trabalho nesse sentido?

Prender o melhor jogador da equipa no 1 para 1, o que mais desequilibra,  como lateral, não é um crime? No momento mais forte do jogador já ele está morto fisicamente por andar a correr atrás tanto do extremo como lateral adversários e morto psicologicamente porque já passaram 5 vezes por ele e isso mata qualquer 1. E atenção, o Gabriel é dos que mais tem corrido, só que anda a tentar fazer o que não sabe nem é sua característica e por isso não rende. E mais, até parece mal o treinador estar sempre aos berros com ele quando atacamos para Norte e o homem joga ali em frente ao banco. Se já se percebe que ele anda perdido, mais perdido fica com tanto berro.

Dizer que só perdemos 1 jogo nesta sequência é verdade. Mas não é ocultar outra verdade dizer que esse jogo foi perdido contra o único adversário directo que jogamos nessa mesma sequência e que nem às pUlacas que não jogam nadinha conseguimos ganhar em casa?

A verdade é que nos últimos jogos tenho estado mais de acordo com as leituras do treinadores adversários do que com a leitura no nosso treinador - quem tem ganho os nossos jogos é a qualidade individual dos nossos jogadores, tanto técnica como em termos de atitude, porque o Rio Ave FC com bola não tem feito nada. Circundamos a área adversária a trocar a bola e somos inertes. Eles fecham-se não saem na atracção e quando perdemos a bola, sem criar perigo, vêm rápido nas costas dos laterais.

É sempre preferível ganhar, mesmo a jogar mal, mas quando se joga mal, mesmo ganhando, há que assumir e ser sério. E quando se tem jogadores muito melhores que os outros é preciso mostrar mais futebol. Muito mais futebol.