Ele deixou-nos estas ideias, que, naturalmente, agradecemos:
-Começo por dizer que é um problema social generalizado por todo o país e não apenas do Rio Ave. Há excepções, poucas, casos do Vitória de Guimarães, Braga com as últimas conquistas (sendo que já antes era um dos clubes Portugueses com mais adeptos que as recentes conquistas fizeram massificar), principalmente as faixas etárias mais jovens. No caso do novo fenómeno, o Famalicão, quem é da minha geração e acompanhou o Rio Ave em anos idos, e basta recuar por exemplo aos anos 90, facilmente se recordam de o Rio Ave lá jogar e sentir-se em casa. Famalicão tem a maior casa do Benfica do Norte e tem paredes meias com o seu estádio a casa do F.C. Porto de Famalicão, sendo que, ainda na recente deslocação dos famalicenses ao Dragão saíram do mesmo local autocarros com adeptos para apoiar o Famalicão e outros da casa do Porto para apoiar o F.C. do
Porto. Um problema social, claro está.
- Os média que debitam horas a fio temas, a maioria desinteressantes, de apenas 3 clubes contribuem para o foco dos jovens se centrar nos 3 clubes do costume. No Rio Ave isso não é excepção.
-Centrando-nos mais no nosso Clube, após os dourados anos 80, houve uma politização do desporto,
nomeadamente no Rio Ave, sendo que o clube serviu de arma de arremesso contra o executivo municipal. Quem se acercava do clube pela via política não sentia o clube e outros que o sentiam afastaram-se. Na verdade, desde que o Clube cortou o cordão umbilical com o executivo camarário cresceu sem precedentes, caso para perguntar se a anterior aliança trouxe mais benefícios ou prejuízos?
-Falta mística!! Este é um tema fraturante, que muita gente não gosta que se toque na ferida. Muitos dos dirigentes que foram passando no Clube tornaram-se sócios apenas no momento em que se candidataram aos cargos. Ou seja, muitos deles nunca tinham ligado patavina à agremiação Rioavista até serem convidados a integrarem os órgãos sociais. Não era, nem é, o clube deles. Serão estas pessoas as indicadas para elevar o nome do Clube e servirem de exemplo para a conquista de novos sócios? Serão essas pessoas que vão fazer com que os sócios do Rio Ave tenham apenas e só um clube no coração?
- Condições no Estádio. Há quem dentro do clube diga que mesmo melhorando as condições do Estádio as assistências não melhoram. Bem, se olharmos para os jogos de início de campeonato e fim, com condições de tempo mais amenas e compararmos com os dias de temporal, acho que fica na cara dos mais distraídos a evidência. Para além disso, não foram poucas as intervenções do nosso Presidente a congratular-se por agora termos condições dignas receber quem nos visita (falando dos
camarotes). E condições dignas para os sócios e adeptos, há?
-Formação. Cada vez há menos Rioavistas na formação e os que há já não são tratados com o carinho de outrora. Hoje em dia entrega-se a braçadeira de capitão a qualquer um, o tempo de casa nada conta, o ser Rioavista muito menos. A braçadeira de capitão pode até ser dada a um tipo que grita pelo Benfica ou Porto no balneário. Dezenas/centenas de sócios desistiram da sua filiação por problemas mal resolvidos na formação. Incompreensível a atitude, mas não deixa de ser um facto.
O facto dos atletas serem de longe também contribui para as baixas assistências. No meu tempo toda a gente ia ver a equipa sénior jogar.
- Falta ambiente no Estádio. O Rio Ave está longe de ser o clube que menos adeptos leva ao Estádio na Liga Portuguesa. O Moreirense que recentemente conquistou uma taça da Liga ou o Aves que venceu a taça de Portugal levam menos adeptos que o Rio Ave. O preocupante é a falta de atmosfera que existe no nosso estádio. Um clube com adeptos que vivenciaram décadas de futebol de primeira, não têm cultura futebolística de adepto. São simples espectadores, que normalmente só se manifestam nos golos ou para se insurgirem contra o árbitro (e nem para isso servem!).
(foto: facebook Associação Adeptos))