Ainda recentemente escrevi que Freire era um dos treinadores mais conservadores da primeira liga, dando como exemplos o sistema tático (basicamente sempre o mesmo, apenas com ligeiras variações, como os quatro médios) e a 'hora' das substituições.
Ontem, Freire surpreendeu(-me) e apresentou-se com três avançados. Já não me lembrava de ver, de início, três avançados de raiz.
Afinal Freire sabe mudar e sabe trabalhar com outros esquemas táticos, surpreendendo o Sporting (na minha opinião, um dos fatores que contribuiu para o êxito da equipa foi esta alteração tática, que, ainda por cima, não podia ter começado melhor, pois Embaló marcou aos 3 minutos).
A explicação parece simples: o treinador tem novas opções no plantel e está a jogar com elas.
Num esquema de 5-2-3 (a defender e no primeiro momento de saída com bola), com um adversário que quer ocupar o terreno, subindo os seus centrais, há um problema: o nosso meio campo fica sem espaços para construir e circular a bola. Por isso, ontem vimos muitas bolas lançadas de trás para a frente, em profundidade, explorando a velocidade dos três avançados, e vimos os dois médios a defender bastante (penso que foi o jogo em que Graça teve mais trabalho, tentando estar sempre em cima do adversário que tinha a bola).
Vimos também muitas bolas jogadas para trás, o que enerva a bancada, mas, sem espaços a meio campo para fazer circular a bola, o Rio Ave precisa de se organizar junto à sua grande área. É arriscado, mas não havia muitas alternativas.
Em resumo: este foi mais um jogo em que, frente a um adversário com mais capacidade, o Rio Ave não foi inferior (até tivemos as melhores oportunidades). Que este espírito se mantenha (frente a Braga, Guimarães e Benfica), mas sobretudo que, já no sábado, a equipa mostre aquilo que não mostrou em Famalicão.