20.5.22

Rio Ave campeão – E agora? (Treinador)

É natural que quando um objectivo é cumprido, se queira manter o grupo, mais ainda o seu líder – o treinador.

Contudo, num clube, tal e qual numa empresa, numa outra associação ou colectividade apesar de a gratidão dever estar sempre presente, o reconhecimento da competência é aquilo que deve pautar a tomada de decisão.

Se Luís Freire foi escolhido e bem para a época que terminou com o objectivo cumprido, num contexto particular, porque nós não sabíamos o que era a Liga 2 mas ele sabia, também é verdade que Luís Freire quase não tem experiência de Primeira Liga e a que tem não correu da melhor forma. Por outro lado, desta vez, estará rodeado de elementos do clube, desde elementos da direcção e de pelo menos um adjunto (Augusto Gama) que estiveram muitos anos consecutivos a jogar no escalão máximo e o background que Luís Freire aportou ao clube na Liga 2, agora essas pessoas do clube também poderão aportar a Luís Freire na Primeira Liga.

Contudo, sendo a continuidade de Luís Freire uma boa opção, outras não devem ser descartadas, pois sendo boa poderá não ser a melhor. Lembro-me, por exemplo, quando Daniel Ramos saiu após fazer 25 pontos numa 2ª volta, num ano onde nem teve oportunidade de começar a época. No fim do ano saiu, mas a verdade é que saiu e entrou alguém melhor: Carvalhal. O que quero dizer com isto, é que, pode haver no mercado treinadores melhores que Luís Freire para a nossa nova (velha) realidade, com mais anos de Primeira Liga, com experiência de lutar por lugares europeus… e o Presidente (e o Director Geral???) não devem descartar isso. Por absurdo, vamos imaginar que Paulo Fonseca não quer sair de Portugal dado o que se passou na sua vida particular… por absurdo vamos imaginar que Carvalhal não quer ir morar para muito longe de Braga. Imaginemos que Daniel Ramos, que já depois de sair do Rio Ave FC qualificou o Santa Clara para as competições europeias quer ficar por casa. Não estamos a falar de Migueis Cardosos da vida que antes de treinar o Rio Ave FC nunca tinham treinado ninguém e quando daqui saíram só tiveram falhanços. Estou a dar o exemplo de treinadores que têm trajecto e têm tido sucesso nas últimas épocas e que, acima de tudo, têm experiência de lutar por lugares que o Rio Ave ambiciona, tal e qual Luís Freire tinha a experiência de lutar pelo objectivo que o Rio Ave ambicionava na época que terminou e foi fundamental. Sendo Luís Freire uma boa opção, não haverá no mercado, outras que sejam mais válidas?

Se um treinador que sobe de divisão tem de chegar a 12 ou 13 jogadores que ajudaram o clube a subir e dizer “obrigado, foste fantástico, mas para a Primeira Liga encontrei melhor” (porque todos sabemos que ninguém fica com 26 jogadores que subiram para jogar na Primeira Liga; fica-se com 12 ou 13), porque é que um Presidente não o poderá fazer com um treinador?

Ainda mais se for para levar a sério as palavras de Vítor Gomes: “iremos lutar pelos 8 primeiros”.

Isto só para dizer que a gratidão deve estar sempre presente e deve fazer parte dos valores do nosso clube, mas no momento do sucesso essa mesma gratidão por alguém não nos deve cegar, até porque se aparecer amanhã alguém a pagar mais ao Luís Freire… ele será certamente grato ao Rio Ave FC, mas vai à vida dele seja lá onde for.