Contudo, num clube, tal e qual
numa empresa, numa outra associação ou colectividade apesar de a gratidão dever
estar sempre presente, o reconhecimento da competência é aquilo que deve pautar
a tomada de decisão.
Se Luís Freire foi escolhido e
bem para a época que terminou com o objectivo cumprido, num contexto
particular, porque nós não sabíamos o que era a Liga 2 mas ele sabia, também é
verdade que Luís Freire quase não tem experiência de Primeira Liga e a que tem
não correu da melhor forma. Por outro lado, desta vez, estará rodeado de
elementos do clube, desde elementos da direcção e de pelo menos um adjunto
(Augusto Gama) que estiveram muitos anos consecutivos a jogar no escalão máximo
e o background que Luís Freire aportou ao clube na Liga 2, agora essas pessoas
do clube também poderão aportar a Luís Freire na Primeira Liga.
Contudo, sendo a continuidade de
Luís Freire uma boa opção, outras não devem ser descartadas, pois sendo boa poderá
não ser a melhor. Lembro-me, por exemplo, quando Daniel Ramos saiu após fazer
25 pontos numa 2ª volta, num ano onde nem teve oportunidade de começar a época.
No fim do ano saiu, mas a verdade é que saiu e entrou alguém melhor: Carvalhal.
O que quero dizer com isto, é que, pode haver no mercado treinadores melhores
que Luís Freire para a nossa nova (velha) realidade, com mais anos de Primeira Liga,
com experiência de lutar por lugares europeus… e o Presidente (e o Director Geral???) não devem descartar isso. Por absurdo, vamos imaginar que Paulo Fonseca não quer sair de
Portugal dado o que se passou na sua vida particular… por absurdo vamos
imaginar que Carvalhal não quer ir morar para muito longe de Braga. Imaginemos
que Daniel Ramos, que já depois de sair do Rio Ave FC qualificou o Santa Clara
para as competições europeias quer ficar por casa. Não estamos a falar de
Migueis Cardosos da vida que antes de treinar o Rio Ave FC nunca tinham
treinado ninguém e quando daqui saíram só tiveram falhanços. Estou a dar o
exemplo de treinadores que têm trajecto e têm tido sucesso nas últimas épocas e que, acima de tudo, têm
experiência de lutar por lugares que o Rio Ave ambiciona, tal e qual Luís
Freire tinha a experiência de lutar pelo objectivo que o Rio Ave ambicionava na
época que terminou e foi fundamental. Sendo Luís Freire uma boa opção, não
haverá no mercado, outras que sejam mais válidas?
Se um treinador que sobe de
divisão tem de chegar a 12 ou 13 jogadores que ajudaram o clube a subir e dizer “obrigado,
foste fantástico, mas para a Primeira Liga encontrei melhor” (porque todos
sabemos que ninguém fica com 26 jogadores que subiram para jogar na Primeira
Liga; fica-se com 12 ou 13), porque é que um Presidente não o poderá fazer com
um treinador?
Ainda mais se for para levar a
sério as palavras de Vítor Gomes: “iremos lutar pelos 8 primeiros”.
Isto só para dizer que a gratidão deve estar sempre presente e deve fazer parte dos valores do nosso clube, mas no momento do sucesso essa mesma gratidão por alguém não nos deve cegar, até porque se aparecer amanhã alguém a pagar mais ao Luís Freire… ele será certamente grato ao Rio Ave FC, mas vai à vida dele seja lá onde for.