24.5.22

Guerra Civil: Provedor vs Grupo 39

O último dia ficou marcado por uma divergência entre o Grupo 39 e o Provedor do Adepto.

Quero antes de mais fazer uma declaração de interesses: escrevo neste blogue a convite do agora Provedor do Adepto, que sempre foi o principal dinamizador até ter aceitado o referido cargo e desde aí ter abdicado de aqui escrever, por decisão do próprio, para evitar conflito de interesses. Se hoje se fala e se comenta e há um “universo” Rioavista nas redes sociais, em parte se deve ao João Paulo Meneses. Antes desse convite nunca tinha falado pessoalmente com ele e depois disso foram raras as vezes em que voltamos a ver-nos, à excepção dos jogos do Rio Ave FC, pois os nossos lugares anuais são próximos. O engraçado é que uma das razões que o levou a convidar-me foi o facto de enquanto comentador assíduo deste blogue ter frequentemente opiniões diferentes do que ele escrevia, mostrando que o interesse era que cada Rioavista pudesse opinar independentemente da sua posição ou ideia.

Posto isto, importa também dizer que conheço algumas pessoas que costumam ver jogos no Grupo 39, mas que, tal como com o Provedor, não tenho uma relação de amizade.

O Provedor no âmbito do seu papel fez um comunicado sobre o apoio da claque. Em primeiro lugar, o comunicado está assinado – toda a gente sabe quem o escreveu. Depois o Provedor começa por elogiar o apoio da claque, referindo que fez a diferença em qualidade e quantidade, que fez parte do sucesso desportivo da equipa, que é composta por jovens de ambos os géneros. São 4 parágrafos de elogios.

E se o comunicado ficasse por aqui estava tudo bem. Toda a gente batia palmas.

Contudo, o Provedor, numa segunda parte do comunicado, refere os insultos dirigidos pela claque aos adversários, mencionando que vários sócios já recriminaram isso nas bancadas. Incentiva a que isso acabe e que o empenho se resigne ao apoio.

E aqui vem o problema. Como em quase tudo na sociedade portuguesa as pessoas lidam mal com a opinião divergente e/ou diferente. Aliás, o nosso clube é um bom exemplo disso e alguns de nós que escrevem em blogues relacionados com o Rio Ave FC e que nem sempre estão de acordo com o que é praticado pela direcção, sabem bem do que estou a falar. O facto de alguém criticar alguma coisa não implica que esteja contra, implica que não concorda com algo ou tem uma opinião diferente.

O Provedor podia nem dizer nada? Podia, mas a claque merecia uma referência pelo fantástico apoio que deu. O Provedor podia ficar-se pela primeira parte do texto? Podia, mas possivelmente não estava a ser coerente com a sua consciência e aí estaria a ser covarde. E isso é que eu não quero mesmo em alguém que nos represente.

Posto isto, o provedor pouco mais fez que relatar factos. Os factos são verdadeiros? São. Não insultou ninguém. Não faltou à verdade.

Diferente foi o comunicado do Grupo 39 - Ultras Rio Ave. Ninguém percebe muito bem o porquê de ficarem ofendidos porque de facto assumem os cânticos que o Provedor refere.

Mas pior, com laivos de superioridade moral (curiosamente acusam o Provedor disso nos comentários nas redes sociais, mas são eles que fazem exactamente isso) lê-se nessa resposta: “E quem não pensar como nós, é gente que não interessa cá estar.” Mas vivemos em ditadura? Então não se pode criticar, não se pode ter opinião mas eles podem dizer o que quiserem? Isto parece alguns partidos políticos em que vêm dizer que nós conseguimos os 25 de Abril e por isso os partidos que têm ideias contrárias à nossa não podem existir. Por outras palavras: Podes dizer o que quiseres desde que seja para dizer bem de mim. Vi comentários do género: "apaga isto já". De rir.

O Coentrão ganhou duas ligas dos campeões? Ganhou. E isso deve ser motivo de orgulho ver um Vilacondense e um atleta formado e criado no Rio Ave FC triunfar ao mais alto nível, mas não nos esqueçamos que também esteve nas duas últimas descidas do Rio Ave FC à segunda liga – e isso foi o que aconteceu enquanto jogador do Rio Ave FC. Nos últimos 4 anos jogou 2 no Rio Ave FC e eu fui dos que mais apoiei isso. Curiosamente nas duas que não jogou tivemos o maior número de pontos na Primeira Liga e na outra fomos campeões da Segunda Liga.

Querem que o provedor diga que não os ouve a insultar? Não insultem. Agora se insultam e sabem que insultam e continuam a insultar só têm uma coisa a fazer quando vos dizem que insultam. É responder: “é uma opção nossa”. Não têm de ficar melindrados ou ofendidos porque alguém, apenas e só, relata que fazem sem fugir à verdade.

O facto de o comunicado não estar assinado e portanto não se saber quem o escreveu, se foi o tesoureiro ou o vogal ou até um membro que pediu à direcção para publicar, “obrigando” a que todos os membros se tenham de rever no que está escrito, mais uma vez num acto de ditadura é também digno de realce.

Não deixa também depois de ser curiosa a parte final, quando agradecem a todo o órgão directivo por todo o apoio prestado. Ora, nos comentários aos posts do Provedor e da reposta do Grupo 39, o que se vê são alguns dos membros a criticar o Provedor por supostamente andar nos camarotes a comer croquetes e ao vinho. Pois bem, o Provedor não está no camarote. Mandar postas para o ar às vezes tem destas coisas. Se calhar alguns membros da direcção da associação estão mais perto disso do que propriamente o Provedor, que continua sentado um pouco à minha frente na sua cadeira. O tempo o dirá.

Depois é engraçado também alguns criticarem o Provedor e referirem que se vê pelo Facebook dele que não é do Rio Ave FC. Isto a somar ao que diz no comunicado da claque referindo que o Rio Ave é a “única paixão”. Ora bem, o Facebook dificilmente dirá o que cada um não é, mas certamente poderá ajudar a dizer o que cada um possa ser. É interessante entrar em alguns perfis do Facebook de membros que estão ferozmente a criticar o João Paulo Meneses e vê-los com camisolas do Porto, Benfica, Sporting, entre outros (sim, encontrei dos 3), a festejar títulos destes, até com cervejas na mão não deixa de ser, isso sim… ridículo. Aliás, a alguns deles já os vi, no nosso estádio e no Jamor, em jogos nossos com outros cachecóis, mas isso não consigo provar. Agora, o que está publicado, está à vista de todos.

Para finalizar, acho particularmente interessante pessoas que ouço criticarem a claque durante os jogos quando dirigem esses cânticos (sim porque isso acontece; há muita gente a criticar – não é o provedor a inventar) e agora nos comentários as vejo a escrever coisas do género “têm todo o nosso apoio”.

Posto isto, não me parece que no meio disto tudo e ao contrário do que já li, seja o Provedor que quer tempo de antena… e se calhar deveriam estar mais preocupados em quem realmente anda (e a quem num futuro próximo passará a andar) aos croquetes e à Murganheira, nos camarotes e ainda leva ordenados, bilhetes, convites, prémios e comissões. Enquanto os cachorros ladram da esquerda para a direita a ver quem fica com o osso, o cão grande já mamou mais um presunto. E era com isso que se deviam preocupar, a não ser que camufladamente sirvam o cão grande.

Nota 1: membros da claque acharem que foram os principais responsáveis pela subida é logo o primeiro erro. O principal são sempre os jogadores. Depois, apoiar o clube não é só ir para a claque. Isso é uma das muitas formas de apoio.

Nota 2: devem gostar é de ver povo que não é da terra, que não é do Rio Ave FC, mas que se diz Rioavista apenas e só porque leva o ordenado ao fim do mês, de microfone na mão a agradecer à claque e a gritar por Vila do Conde e pelo Rio Ave FC como um desalmado, só porque é o bonito de se fazer - o típico lambe-botas, e com esses é que se deviam preocupar, não é com o Provedor que sempre foi do Rio Ave FC.

Nota 3: Podem vir para aí escreverem o que quiserem. Como alguém comentou num post que fiz a semana passada quando critiquei algumas práticas de alguns directores e departamentos do Rio Ave FC: “não é assim que se fazem amigos”… e a verdade é que não estou preocupado com isso. Critico a direcção quando tenho de o fazer e não são as vitórias que me cegam e se tiver de criticar o Provedor como o fiz quando fez um comunicado sobre um “alegado insulto racista” também acontece, porque não achei que o devesse fazer; assim como acabo de criticar a claque pela resposta agressiva e desproporcional que dá a um comunicado do Provedor, quando na realidade só confirmam o que ele refere.

Nota 4: os putos com menos de 12-13 anos nem sabiam que existiam PUlacas antes do início desta época. O tempo passa as rivalidades mudam. Olhemos para cima, mudemos o chip. Tivemos de cair para se voltar a falar em rivalidade. E cair é o que eles querem que nos aconteça. Olhemos para o Vitória SC, pois é com eles que temos discutido quem é a 5ª equipa em Portugal e é assim que devemos pensar. Esperar que aqueles que vestem duas camisolas optem de vez pela a terra, como fazem os do Vitória. Só assim podemos dizer: “Estamos de Volta”.