Começando desde logo pelo Presidente: soube escolher um
treinador que se adequava ao novo contexto do Rio Ave FC, ou seja, o clube não
tinha experiência de 2ª Liga, os elementos que estavam no clube não tinham esse
background e a escolha em alguém que já treinou e ganhou na 2ª Liga foi desde
logo inteligente.
Depois a construção do plantel, acreditando que já
articulando com a nova equipa técnica foi também eficiente, ou seja, o
Presidente terá indicado 2 ou 3 jogadores que conhecia para fortalecer o grupo
e o treinador terá indicado outros da sua confiança e que se adequavam à Segunda
Liga e resultou plenamente.
Apesar do discurso do treinador após algumas derrotas por vezes
não ser o melhor, dirigindo-se com indirectas aos sócios e não admitindo muitas
vezes aquilo que toda a gente via que se tinha passado em campo, a verdade é
que após um momento de muitos pontos perdidos e quando se augurava que as
dificuldades continuassem entre janeiro e março com um calendário apertadíssimo,
Luis Freire conseguiu fazer uma gestão dos recursos que tinha absolutamente
fantástica, partindo para uma 2ª volta onde só com consentimos uma derrota e
onde se apresentou com um discurso aglutinador para com todo o clube chamando
os sócios para ajudar.
Ao elogiar o presidente e o treinador, admito que tenha
também de elogiar alguém que não sei muito bem o que lá anda a fazer. O
director geral do Rio Ave FC, que o ano passado quando descemos deixou de
aparecer, deverá ter tido algum papel na gestão no plantel, contratações,
renovações, etc. e se teve então parabéns. Senão não está lá mesmo a fazer nada…
porque para gritar por Vila do Conde e pelo Rio Ave FC na hora da festa
arranjar-se-iam muitos Vilacondenses e Rioavistas que fariam aquilo com o
coração, sem ser de uma forma forçada, até porque na hora da festa tudo aparece…
e poupava-se um ordenado.
Outra coisa que foi feita e que teve o dedo da direcção foi
a limpeza de um balneário que ajudou a enterrar o clube. As saídas de jogadores
que se achavam vedetas como Geraldes, Pelé ou Borevkovic, etc. e outros com
saídas mal explicadas mas que tinham um poder evidente no balneário como
Coentrão, Tarantini (continuo a não discutir a saída, mas a forma como diz que
foi dispensado não foi bonita) ou F. Augusto ajudaram a que não houvesse podres
nem resquícios de uma temporada anterior totalmente falhada, embora na altura
se pedissem as saídas de mais 2 ou 3 como Aderlan ou Amaral que apesar de não
terem sido regulares a época toda acabaram por ser importantes.
O pior da época fora do campo foi algo que já vem sendo mau
ao longo dos anos. Falta comunicação com os sócios e má comunicação quando se comunica, falta de organização,
falta de sensibilidade que só não afastou mais as pessoas porque os resultados
desportivos começaram a surgir e a chamar o povo.
Desde o capacete do superbowl numa altura em que não se publicavam informações importante para os sócios e numa altura em que as coisas não estavam bem, a continuar a ser a mesma pessoa a aparecer em eventos mesmo tendo mudado de cargo já há 1 ano (o normal seria começar a aparecer a pessoa que ficou com o cargo anterior) dando claramente a entender que quer é aparecer, como se comprovou no domingo, sem se saber o que lá anda a fazer; a falta de informação sobre os bilhetes no Mafra, por exemplo: então na 5ª ou 6ª feira, quando o clube refere que soube que estavam bilhetes à venda ao publico por 10 euros, não era de mandar lá um homem com um cheque de 5mil paus comprar 500 bilhetes e oferecer o autocarro aos sócios?
O ridículo dos ridículos foi nos últimos
jogos do campeonato em casa, com adversários directos, quando se sabia que a procura ia ser imensa, principalmente
porque iam dar borlas (se não dessem tenho dúvidas que fosse assim), não
reservam um ou dois dias para os sócios levantarem bilhete? Primeiro,
permitindo que o Chaves fizesse o que a direcção do Rio Ave FC deveria ter
feito em Mafra: imaginemos que o Chaves decide mandar cá um homem com um cheque
e comprar a lotação disponível para o público logo no primeiro dia. Alguém tem
noção da confusão que iria ser 200 ou 300 adeptos do Chaves no nosso meio?
E depois dar bilhetes de acompanhante aos sócios que lá
fossem sem garantir que todos os sócios pudessem levantar o seu próprio bilhete
e ir ver o jogo que poderia ser o jogo de uma vida…
Pior, depois de os sócios lá irem e o sistema informático
estar em baixo não há quem se organize e reserve bilhetes para que fossem
levantar no dia seguinte? É que se fosse a primeira vez que isto acontecia até
se dava de barato, mas todos sabemos quem são as sanguessugas que tomam conta
destes esquemas pois já o fizeram nas finais das Taças, Supertaça e noutros
jogos de relevo que a nossa equipa disputou.
Quanto à aposta na formação. Eram para ser 4 ou 5 jogadores, até porque na 2ª Liga não há a exigência da Primeira... Foi Costinha. Vale a pena ter formação?
É evidente que isto, no meio de uma subida ainda por cima sendo campeão é palha. Mas enquanto nos vão dando palha vão fazendo de nós consumidores de palha. E fazer de nós consumidores de palha há 7 ou 8 anos começa a ser abuso.
Globalmente foi uma época desportivamente excelente. E isto
sobrepõe-se a tudo. Somos campeões.
No que rodeia o futebol, no profissionalismo que um clube de topo deve ter em áreas de marketing, comunicação ou organização de eventos foi mais uma vez ao nível dos últimos anos: muito pobre.