O último dia ficou marcado por
uma divergência entre o Grupo 39 e o Provedor do Adepto.
Quero antes de mais fazer uma
declaração de interesses: escrevo neste blogue a convite do agora Provedor do Adepto,
que sempre foi o principal dinamizador até ter aceitado o referido cargo e
desde aí ter abdicado de aqui escrever, por decisão do próprio, para evitar
conflito de interesses. Se hoje se fala e se comenta e há um “universo”
Rioavista nas redes sociais, em parte se deve ao João Paulo Meneses. Antes
desse convite nunca tinha falado pessoalmente com ele e depois disso foram
raras as vezes em que voltamos a ver-nos, à excepção dos jogos do Rio Ave FC,
pois os nossos lugares anuais são próximos. O engraçado é que uma das razões
que o levou a convidar-me foi o facto de enquanto comentador assíduo deste
blogue ter frequentemente opiniões diferentes do que ele escrevia, mostrando
que o interesse era que cada Rioavista pudesse opinar independentemente da sua
posição ou ideia.
Posto isto, importa também dizer
que conheço algumas pessoas que costumam ver jogos no Grupo 39, mas que, tal
como com o Provedor, não tenho uma relação de amizade.
O Provedor no âmbito do seu papel
fez um comunicado sobre o apoio da claque. Em primeiro lugar, o comunicado está
assinado – toda a gente sabe quem o escreveu. Depois o Provedor começa por
elogiar o apoio da claque, referindo que fez a diferença em qualidade e
quantidade, que fez parte do sucesso desportivo da equipa, que é composta por
jovens de ambos os géneros. São 4 parágrafos de elogios.
E se o comunicado ficasse por
aqui estava tudo bem. Toda a gente batia palmas.
Contudo, o Provedor, numa segunda
parte do comunicado, refere os insultos dirigidos pela claque aos adversários, mencionando
que vários sócios já recriminaram isso nas bancadas. Incentiva a que isso acabe
e que o empenho se resigne ao apoio.
E aqui vem o problema. Como em
quase tudo na sociedade portuguesa as pessoas lidam mal com a opinião divergente
e/ou diferente. Aliás, o nosso clube é um bom exemplo disso e alguns de nós que
escrevem em blogues relacionados com o Rio Ave FC e que nem sempre estão de
acordo com o que é praticado pela direcção, sabem bem do que estou a falar. O
facto de alguém criticar alguma coisa não implica que esteja contra, implica
que não concorda com algo ou tem uma opinião diferente.
O Provedor podia nem dizer nada?
Podia, mas a claque merecia uma referência pelo fantástico apoio que deu. O
Provedor podia ficar-se pela primeira parte do texto? Podia, mas possivelmente
não estava a ser coerente com a sua consciência e aí estaria a ser covarde. E
isso é que eu não quero mesmo em alguém que nos represente.
Posto isto, o provedor pouco mais
fez que relatar factos. Os factos são verdadeiros? São. Não insultou ninguém.
Não faltou à verdade.
Diferente foi o comunicado do
Grupo 39 - Ultras Rio Ave. Ninguém percebe muito bem o porquê de ficarem
ofendidos porque de facto assumem os cânticos que o Provedor refere.
Mas pior, com laivos de superioridade
moral (curiosamente acusam o Provedor disso nos comentários nas redes sociais,
mas são eles que fazem exactamente isso) lê-se nessa resposta: “E quem não pensar
como nós, é gente que não interessa cá estar.” Mas vivemos em ditadura? Então
não se pode criticar, não se pode ter opinião mas eles podem dizer o que
quiserem? Isto parece alguns partidos políticos em que vêm dizer que nós
conseguimos os 25 de Abril e por isso os partidos que têm ideias contrárias à
nossa não podem existir. Por outras palavras: Podes dizer o que quiseres desde
que seja para dizer bem de mim. Vi comentários do género: "apaga isto já". De rir.
O Coentrão ganhou duas ligas dos
campeões? Ganhou. E isso deve ser motivo de orgulho ver um Vilacondense e um
atleta formado e criado no Rio Ave FC triunfar ao mais alto nível, mas não nos
esqueçamos que também esteve nas duas últimas descidas do Rio Ave FC à segunda
liga – e isso foi o que aconteceu enquanto jogador do Rio Ave FC. Nos últimos 4
anos jogou 2 no Rio Ave FC e eu fui dos que mais apoiei isso. Curiosamente nas
duas que não jogou tivemos o maior número de pontos na Primeira Liga e na outra
fomos campeões da Segunda Liga.
Querem que o provedor diga que
não os ouve a insultar? Não insultem. Agora se insultam e sabem que insultam e
continuam a insultar só têm uma coisa a fazer quando vos dizem que insultam. É
responder: “é uma opção nossa”. Não têm de ficar melindrados ou ofendidos
porque alguém, apenas e só, relata que fazem sem fugir à verdade.
O facto de o comunicado não estar
assinado e portanto não se saber quem o escreveu, se foi o tesoureiro ou o
vogal ou até um membro que pediu à direcção para publicar, “obrigando” a que
todos os membros se tenham de rever no que está escrito, mais uma vez num acto
de ditadura é também digno de realce.
Não deixa também depois de ser
curiosa a parte final, quando agradecem a todo o órgão directivo por todo o
apoio prestado. Ora, nos comentários aos posts do Provedor e da reposta do
Grupo 39, o que se vê são alguns dos membros a criticar o Provedor por
supostamente andar nos camarotes a comer croquetes e ao vinho. Pois bem, o
Provedor não está no camarote. Mandar postas para o ar às vezes tem destas
coisas. Se calhar alguns membros da direcção da associação estão mais perto
disso do que propriamente o Provedor, que continua sentado um pouco à minha
frente na sua cadeira. O tempo o dirá.
Depois é engraçado também alguns
criticarem o Provedor e referirem que se vê pelo Facebook dele que não é do Rio
Ave FC. Isto a somar ao que diz no comunicado da claque referindo que o Rio Ave
é a “única paixão”. Ora bem, o Facebook dificilmente dirá o que cada um não é,
mas certamente poderá ajudar a dizer o que cada um possa ser. É interessante
entrar em alguns perfis do Facebook de membros que estão ferozmente a criticar
o João Paulo Meneses e vê-los com camisolas do Porto, Benfica, Sporting, entre outros
(sim, encontrei dos 3), a festejar títulos destes, até com cervejas na mão não
deixa de ser, isso sim… ridículo. Aliás, a alguns deles já os vi, no nosso
estádio e no Jamor, em jogos nossos com outros cachecóis, mas isso não consigo
provar. Agora, o que está publicado, está à vista de todos.
Para finalizar, acho
particularmente interessante pessoas que ouço criticarem a claque durante os
jogos quando dirigem esses cânticos (sim porque isso acontece; há muita gente a
criticar – não é o provedor a inventar) e agora nos comentários as vejo a
escrever coisas do género “têm todo o nosso apoio”.
Posto isto, não me parece que no
meio disto tudo e ao contrário do que já li, seja o Provedor que quer tempo de
antena… e se calhar deveriam estar mais preocupados em quem realmente anda (e a
quem num futuro próximo passará a andar) aos croquetes e à Murganheira, nos
camarotes e ainda leva ordenados, bilhetes, convites, prémios e comissões.
Enquanto os cachorros ladram da esquerda para a direita a ver quem fica com o
osso, o cão grande já mamou mais um presunto. E era com isso que se deviam
preocupar, a não ser que camufladamente sirvam o cão grande.
Nota 1: membros da claque acharem
que foram os principais responsáveis pela subida é logo o primeiro erro. O
principal são sempre os jogadores. Depois, apoiar o clube não é só ir para a claque. Isso é uma das muitas formas de apoio.
Nota 2: devem gostar é de ver
povo que não é da terra, que não é do Rio Ave FC, mas que se diz Rioavista apenas e só
porque leva o ordenado ao fim do mês, de microfone na mão a agradecer à claque e a gritar por Vila
do Conde e pelo Rio Ave FC como um desalmado, só porque é o bonito de se fazer - o típico lambe-botas, e com esses é que se deviam preocupar, não é com o Provedor que sempre foi do Rio Ave FC.
Nota 3: Podem vir para aí escreverem
o que quiserem. Como alguém comentou num post que fiz a semana passada quando critiquei algumas práticas de alguns directores e departamentos do Rio Ave FC: “não é
assim que se fazem amigos”… e a verdade é que não estou preocupado com isso.
Critico a direcção quando tenho de o fazer e não são as vitórias que me cegam e
se tiver de criticar o Provedor como o fiz quando fez um comunicado sobre um “alegado
insulto racista” também acontece, porque não achei que o devesse fazer; assim
como acabo de criticar a claque pela resposta agressiva e desproporcional que
dá a um comunicado do Provedor, quando na realidade só confirmam o que ele
refere.
Nota 4: os putos com menos de 12-13
anos nem sabiam que existiam PUlacas antes do início desta época. O tempo
passa as rivalidades mudam. Olhemos para cima, mudemos o chip. Tivemos de cair
para se voltar a falar em rivalidade. E cair é o que eles querem que nos
aconteça. Olhemos para o Vitória SC, pois é com eles que temos discutido quem é
a 5ª equipa em Portugal e é assim que devemos pensar. Esperar que aqueles que
vestem duas camisolas optem de vez pela a terra, como fazem os do Vitória. Só
assim podemos dizer: “Estamos de Volta”.