27.6.24

SAD: uma originalidade preocupante

Começo por dizer que, tendo sido contra a SAD e a forma como foi 'desenhada', espero, como Rioavista, que corra tudo bem, em termos desportivos, financeiros e patrimoniais.

Mas o facto de o investidor não ter um líder em permanência em Vila do Conde parece-me preocupante.

Sejamos francos, há muitas SAD, mas aquela que mais se aproxima do nosso caso é a do Famalicão. O investidor está em Israel mas tem um presidente em Famalicão, que vive o projeto intensamente (muito mais, sabendo nós de quem se trata...).

O facto de o nosso investidor não ter alguém com poder, em permanência em Vila do Conde, é estranho. Por alguma razão não existe, que eu saiba, outro caso assim.

Dir-se-á que Diogo Ribeiro estará em Vila do Conde a tempo inteiro, mas não só não é o presidente da SAD, como, ainda por cima, é um financeiro e não alguém do futebol. Quem vai ao balneário quando for preciso? Os jogadores sentirão aquele apoio que por vezes é necessário? Luis Freire vai continuar a ser o treinador e manager?

Para obter duas assinaturas será preciso pedir, primeiro, autorização a Atenas, depois enviar para Israel e finalmente para Vila do Conde [a forma como a SAD foi revelada é um primeiro sinal disso*].

Espero estar enganado, mas a solução parece-me indicar desinvestimento (desinteresse?) do acionista: o negócio não é suficientemente importante para ter um presidente dedicado a 100 por cento.

* Lembram-se que a notícia chegou perto da meia noite, na semana passada? A explicação, parece-me, pode ser reveladora de como as coisas funcionarão daqui para a frente: é na Grécia que se tomam as decisões e o timing definido previamente pelo investidor foi ‘atropelado’ pela divulgação dos documentos que surgiram entretanto no site do Ministério da Justiça e no Reis do Ave, com consequentes réplicas nas redes sociais. Quando o assunto já era notícia na Grécia é que o investidor mandou libertar a informação. Era quase meia noite...