Nas últimas semanas assistiu-se à celebração de um protocolo
entre o Rio Ave Fc e a Associação Abraço no âmbito do
projecto Rio Ave Social.
O Rio Ave envergará o nome da associação no equipamento, de
forma gratuita creio, no sentido de lhe dar visibilidade, preterindo nesse local a sponsorização
de, por exemplo, alguma empresa que para isso pagasse (embora quem lucrasse com
isso creio eu que fosse a Altice que detém a exclusividade).
ATENÇÃO: Acho a
iniciativa fantástica, do ponto de vista social principalmente, mas não
sejamos inocentes nem tão pouco hipócritas… também não deixa de ser bem jogado
do ponto de vista estético, do charme… e eu acho que isso também faz falta. O chamado
glamour que obviamente é necessário.
E como tal, reforço, acho a iniciativa muito boa a todos os
níveis, pelo que não é a iniciativa em si que questiono.
Parabéns ao RAFC pela posição.
O que me vem à cabeça é o papel do clube a nível social na
cidade onde está sediado. O Rio Ave FC é um clube de Vila do Conde. A maior
parte dos seus adeptos são claramente vilacondenses.
Lembro-me que pela altura do São João se questionava o
porquê de haver mais “intimidade e loucura” dos vilacondenses pelos ranchos do
que pelo RAFC.
Não será que isto também é do âmbito social?
Ou seja, o que
é que o Rio Ave FC oferece aos jovens a partir dos 14/15 anos para aquilo que
deve ser a educação, a prática e a cultura, neste caso concreto desportiva, dos
jovens vila-condenses?
Não seria igualmente meritório do ponto de vista social, o Rio Ave FC dar preferência
a jovens de Vila do Conde, oferecendo-lhes nem que fosse a hipótese de treinar
e/ou jogar num nível fora de competição? No limite, nem que fosse
preciso pagar até depois dos 14 anos quando termina a idade da escola-lazer?
Nem sequer sei se isso é possível, mas não seria possível
ter mais um ou outra equipa satélite a jogar em distritais com os jovens a
poderem crescer dentro do clube do seu concelho?
Tentar chamar mais miúdos de TODAS as freguesias para o Rio Ave FC...
Por norma isso arrasta jovens, jovens arrastam jovens e
famílias e isso cria uma sociedade mais forte. Além disso, por norma,
proporcionam aos jovens convívios, viagens, intercâmbios, visitas, conhecimento…
e a isso chama-se cultura e educação. E estes são e serão os vila-condenses de
amanhã, ou seja, os cidadãos com maior probabilidade de serem rioavistas no
futuro.
E o que faz a sociedade ser melhor é a educação, a cultura,
o crescimento e a partilha.
Dinheiro? Custos? Gastos? Retorno?
Ponhamos os pontos nos “is”. Quantos jovens há que tenham
feito um percurso no Rio Ave e que cá tenham chegado antes dos 15/16 anos e que
tenham seguido ininterruptamente até aos seniores sem nunca se desvincularem do
clube?
Façamos o exercício para os últimos 15 anos. Monte saiu e
voltou. Faria saiu e voltou. Nuno Santos saiu e voltou. Hassan chegou junior.
Os deste ano não falo porque nem sei se vão jogar.
O último foi Coentrão, antes dele Vitor Gomes… e antes dele?
Em 20 anos foram 2.
Por acaso… são vila-condenses.
Repito: Dinheiro? Custos? Gastos? Retorno? A sério?
Somos uma academia 5 estrelas… mas não nos foquemos na 5ª.
Sem as outras 4 nunca chegaríamos à excelência.
É verdade que não viria nos jornais nem nas camisolas… mas
não deixava de ser importantíssimo para a sociedade vila-condense e até para o
futuro do clube... isto se não queremos ir parar às mãos de chineses, coreanos,
tailandeses, americanos ou até… polacos.