Carta de um sócio aos jogadores do seu clube

Caros jogadores do Rio Ave

Dirijo-vos esta carta antes do grande jogo de domingo, na expectativa de que possa ajudar. Sim, claro, será um contributo apenas simbólico, mas serve, pelo menos, para ficarem a saber o que pensam este e outros adeptos que se identifiquem com estas ideias.

Se eu não tivesse visto o jogo da Trofa até poderia pensar o que muitos pensam, e que ouvi novamente nos últimos dias: que muitos de vocês não querem subir.

Mas quem, como eu e centenas de outros rioavistas, vos viu jogar com qualidade e classe na Trofa não pode pensar nisso.

Para mim, o problema é de fragilidade psicológica, relacionada sobretudo com o fracasso da época passada. Claro que há uma série de erros que foram cometidos no início da época, mas agora não é nem o momento para os inventariar nem é possível resolvê-los.

Apenas ultrapassá-los.

E isso depende de vocês.

Sim, depois do que se viu no domingo passado, imagino que mesmo que não queiram vocês vão entrar intranquilos, nervosos e sem conseguirem mostrar a vossa qualidade. Espero enganar-me mas sendo este jogo ainda mais decisivo...

O que vos peço é que, mesmo assim, encontrem forças para do primeiro ao último minuto jogarem à bola e rematarem à baliza. Não tenham medo, chutem. Corram, procurem a bola, contrariem o nervosismo.

Há muita gente pessimista nesta altura.

Só vejo uma forma de ultrapassar o problema: estarem conscientes de que ou matamos ou morremos (não gosto da expressão, mas traduz bem o que está em causa); no fundo, penso que nenhum de vocês, sobretudo os mais velhos, quer ficar associado àquele que será um dos maiores fracassos - porque duplo - do futebol profissional português.

Eu lá estarei, no domingo, para vos apoiar, mesmo quando a bola sair torta. Mas para vos exigir que chutem à baliza.

Eu acredito.

PS - de acordo com o último Expresso, o Rio Ave é uma das cinco equipas do nosso campeonato com salários em atraso, situação que nos envergonha, mas que, infelizmente, é uma realidade do futebol português. Não será isso que nos está a atrapalhar, certo?