Sobre o jogo: pouco vi em directo. Fui hoje rever e nem sei como consegui, não costumo ter estômago para ver jogos em que já sei o resultado, muito menos ainda quando sei que perdemos. Hoje consegui, abençoado Rennie. Ver jogos do Rio Ave por estes dias é um exercício de coragem. Um gajo vai sempre cheio de ilusão, quando se vê aquelas camisolas a entrar em campo estremece de emoção, esquentas mãos a aplaudir e exercita a garganta com nome do Rio Ave numa espécie de mini-treino para o gritos de golo que espera ver marcados. Mas é mesmo só ilusão. São mais emocionantes os vídeos dos gatinhos às cambalhotas que a minha filha de 3 anos vê no YouTube. Acho que alguns dos nossos jogos me dão maiores desilusões do que algumas paixonetas fracassadas na adolescência. Pelo menos na adolescência as namoradas novas costumavam ser questão de dias. Já no que toca ao futebol, um gajo é sempre do mesmo clube. Sempre. Um gajo sofre sempre pelo mesmo emblema. Diz mal mal do clube, do presidente, do treinador, do tosco do avançado, mas chega o fim de semana e um gajo está lá. Ou se não está espreita a TV. Ou ouve a rádio. E fica sempre com azia quando corre mal. Acho que é por isso que em adultos temos hipertensão, já não conseguimos mudar e ir em busca de novas paixões, de um novo clube.
Não sei se Luís Freire já reviu o jogo ou não. Mas espero que sim. Se ainda for nosso treinador no próximo jogo espero que sim. E espero que se revolte e que o seu grito de revolta consiga unir tudo em volta dele. Se a sua voz não se ouve no seu timbre normal, se de facto ele não está contente nem com os resultados nem com o futebol que a equipa pratica, que grite. É preciso que o sangue corra com mais vigor entre quem nos representa. Se não for assim, que saia Freire e que quem não está cá de corpo é alma que peça também contas e procure outras paragens.