22.1.23

17j Famalicão: um ponto é um ponto.

Está o adepto de futebol sossegado a jantar cedo para ver o Rio Ave tranquilo quando recebe a notificação de uma app de desporto com a indicação que os onze iniciais estão disponíveis. Quando vê o nome de André Pereira na equipa inicial o adepto sente um arrepio. Há gripes que não dão arrepios tão fortes. André Pereira é o jogador que faz qualquer adepto sentir que podia ter sido futebolista. Quando depois da dispensa das captações nas camadas jovens a mãe do adepto pretende acabar com a choraminguice e dar um banho de realidade ao filho, diz-lhe com voz séria pra se agarrar aos livros porque não tem jeito para a bola. O adepto engole em seco, enxuga as lágrimas e lá segue o conselho. Faz o secundário, termina a licenciatura, faz uma especialização, tira um mestrado e depois o doutoramento. Já com mais de 40 anos o adepto esqueceu os sonhos de criança, acha mesmo que está contente com a vida que tem, até que conhece André Pereira. Depois disso, durante os almoços de domingo em casa da mãe não consegue deixar de pensar e sentir que a mãe lhe mentiu. O mais certo é ela gostar mais dos outros filhos, esses que sim, comprovadamente não tinham jeitinho nenhum para o futebol. 

Bem, tudo isto para dizer o quê? O ralhete depois da derrota caseira com o Paços deve ter sido sério, tão sério que foi preciso recorrer a André Pereira, porque qualquer equipa que jogue com André Pereira de início arrisca-se a perder. Não foi, porém, o caso. Mas também não deu pra relaxamento: entre unhas roídas e cigarros fumados está um cinzeiro cheio e cá em casa ninguém fuma e unhas já não há pra roer desde a semana passada. A velinha que acendemos a São Jhonatan fez efeito. O cheiro a baunilha é algo enjoativo, mas se continuar a resultar não há vela que não venha parar aqui à sala de casa. Mas sendo honesto com os rapazes e depois da azia com que estava na semana passada, tenho de dizer que hoje não tenho vontade de apertar o pescoço a nenhum deles. Nem ao André Pereira. O André vai ter de se habituar ao facto de já não termos o Pedro Amaral no clube. Ter um saco de pancada no clube dá sempre jeito. O adepto precisa de catarse. Se ele (André Pereira) não servir para jogar à bola, servirá para a malta se livrar do stress, estará a prestar um bom serviço à saúde mental dos rioavistas. Adiante. 

Resumindo: foi melhor a atitude, foi melhor a entrega, a concentração e foi um ponto somado Já nos vi jogar melhor e espero que se lembrem bem disso para que o próximo jogo seja ainda melhor e mais pontuado.

Nota final: não percebi o recado do Jhonatan quando foi à flash interview receber o prémio de melhor em campo. Há gente que se anda a portar mal?