Eu pertenço ao tipo de pessoas que se aborrece com muita facilidade. Em vários momentos do jogo tive pena de não deixar o meu filho carregar a memória do telemóvel com jogos para me entreter enquanto lá em baixo no relvado teimava-se em não jogar futebol. De vez em quando via-se uns arranques, mas nada que me desviasse da contagem dos aviões que passavam. (A Ryanair cortou voos a partir de e para o Porto? Também me pareceu.) Era claro que os verde e brancos éramos nós, os de laranja deveriam ser os do Porto. (Ontem nos sub17 demorei uns 5 minutos a perceber que afinal os de verde e branco afinal eram os rapazes do Arcozelo...). Mas de Porto, daquele PORTO assim maiúsculo não tinha assim muito, parecia mais uma equipa assim das jeitosas e atrevidas que tinha a lição bem estudada.
O Rio Ave parecia um curso de água desviado. Os jogadores estavam desorientados, os passes saiam tortos, jogava-se num espaço esmagados de 30 metros e choviam amarelos disparatados e desnecessários. Terá sido a falta de vento? Fomos fraquinhos, desinspirados. Não houve uma gazua, um rasgo, uma chama, uma intenção colectiva, um conjugar de esforços e ideias para encontrar uma luzinha inspiradora. É muito bonito dizer que se tem um plano de jogo e que se é fiel a princípios. Mas hoje o Rio Ave parecia o Bergkamp: não gostava de andar de avião e por isso não ia a jogos em que a equipa tivesse de viajar de avião. Bof!
Ora bem, a imprensa que só vou ver quando me passar a azia, vai dizer que o nosso clube cometeu o feito de ser a primeira equipa a marcar um golo ao Porto na Liga. Mas como comentava no final do jogo com o João Paulo, o grande feito do Rio Ave foi ter conseguido perder com este Porto assim tão fracote que até para molhos seria segunda escolha.
(As costeletas de borrego foram o meu almoço. Não gosto de me deitar sem pensar numa coisa boa do dia que se acaba.)