28.12.10

«Um estudo de caso com Carlos Brito» I (ter ou não formação superior)

Joaquim Pedro Pinto de Azevedo é filho do nosso antigo jogador Quim (Vitorino). Enquanto aluno da Faculdade de Desporto da Universidade do Porto realizou uma tese no último ano da sua licenciatura baseada no trabalho do nosso treinador Carlos Brito. O trabalho chama-se «A construção de uma forma de jogar específica. Um estudo de caso com Carlos Brito na equipa sénior do Rio Ave Futebol Clube».
Amavelmente, o Joaquim Pedro Azevedo respondeu a algumas perguntas que lhe enviámos e que publicaremos a partir de hoje:
«Parece haver uma nova geração de treinadores, com formação superior; Brito não está nessa 'lista'; porque o escolheu?

Não me parece que a formação superior seja condição sine qua non para se ser treinador e trabalhar com qualidade. Penso que é muito mais do que isso ... O André Villas-Boas por exemplo, ou o Guardiola, de certeza que os inclui nessa nova geração de treinadores ... Mas eles não têm formação superior, ao nível académico se quisermos assim. E, neste momento, treinam grandes clubes e lideram os respectivos campeonatos... Por isso, parece-me que para se ser um grande treinador não é necessário ter a tal formação superior, é um conjunto de vários factores que o determinam com maior ou menor qualidade.
Escolhi o Carlos Brito por ser um treinador com larga experiência de 1ª liga, por ser o treinador com maior número de jogos no nosso principal campeonato. Depois porque treina o clube da minha cidade e, por isso, tinha maior facilidade em estar presente diariamente para acompanhar os treinos, conversar com ele, reflectir sobre as coisas ... Por ser um treinador com um enorme carisma no clube e na cidade, com uma ligação forte ao clube, marcada sempre por bons trabalhos e bons desempenhos nos campeonatos. Por ser um treinador que, desde que me lembro de ver, colocou o Rio Ave a jogar de uma forma desinibida, com carácter ofensivo ... Lembro-me daquela equipa do Sérgio China, do Fernando, do Marcos, Martins, Nito, Gama ... E mais recentemente, o Rio Ave apresenta jogadores que lhe permitem impor um estilo de posse, de toque, agradável, que gere emoção nas pessoas. Pena que a mentalidade das pessoas em Portugal seja extremamente resultadista e não deixe os treinadores desenvolverem o seu trabalho de uma forma tranquila, construindo a sua própria forma de jogar. Além disso, porque o meu pai é amigo do Carlos Brito e permitiu que o contacto fosse mais facilitado, já que nem todos os treinadores permitem a observação do seu trabalho de uma forma detalhada como eu o fiz para a concretização da minha tese de licenciatura.»

(amanhã: um treinador positivo)