Rendimentos
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o arrendamento da SAD, e
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o subsídio da UEFA, que passou de 5 mil euros para 170 mil euros e uma verba da seguradora de cerca de 160 mil euros.
Ora, este rendimento da UEFA e seguradora não é recorrente nem garantido. Se retirássemos apenas esse valor extraordinário, o resultado seria negativo.
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Gastos
Análise Detalhada
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Vendas de mercadorias caíram 59,4%, uma quebra de 63 mil euros. É provável que parte, ou até a totalidade, desta receita tenha sido absorvida pela SAD — por exemplo, através da venda das camisolas oficiais.
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As receitas de Prestações de Serviços (quotas dos sócios e mensalidades das escolinhas) voltaram a cair, repetindo o cenário do exercício anterior.
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Quotizações e Mensalidades
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As receitas de quotização mantêm-se praticamente inalteradas, apesar de o clube ter promovido uma campanha de pagamento anual de quotas que descreveu como um sucesso.
Isto significa que, tendo em conta o adiantamento de verbas, a receita real voltou a cair. E isto num contexto em que o número de sócios praticamente duplicou face a 2022/2023.
Em resumo: desde então, as receitas da quotização diminuíram mais de 10%.
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Esta direção previa 215 mil euros em receitas de quotas, mas o valor real foi 162 mil euros — uma diferença de 25% abaixo do previsto.
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As mensalidades caíram de €84.595 para €69.807 (-17%). Como o valor mensal cobrado não diminuiu (ainda que haja uma equipa - sub 15 C - que tenha sido extinta), isso significa que há menos atletas nas escolas Rioavistas — ou então muitos pais deixaram de pagar.
Outros Rendimentos (SAD)
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Arrendamento do Estádio: €67.500
(A direção perdoou €22.500 à SAD devido à “tempestade Martinho”) -
Arrendamento da Academia: €90.000
Importa recordar que a SAD foi criada em maio de 2024, o que significa que teria de pagar pelo menos mais um ou dois meses que deveriam ter entrado no relatório anterior.
Questionei pessoalmente a Presidente Alexandrina Cruz, que explicou que, “por uma questão de timing”, o pagamento não tinha vencido.
Pois bem — também não entrou neste exercício.
Conclusão: além dos €22.500 perdoados, esta Direção deixou por cobrar entre 15 e 30 mil euros referentes ao exercício anterior.
NOTA: Alexandrina Cruz tinha dito e projetado em Maio de 2024 (Ponto 6): "Na eventualidade de, por imposições regulamentares a SAD não poder utilizar o Estádio, por falta de licenciamento, a renda continuará a ser paga ao clube".
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Fornecimentos e Serviços Externos (FSE)
Talvez nem todos saibam o que esta rubrica significa, mas engloba praticamente tudo o que o clube paga a entidades externas — desde serviços profissionais a refeições, compras, representação, vigilância, etc.
E aqui é onde os números verdadeiramente explodem:
Os custos com FSE aumentaram 88%, passando de €267 mil para mais de €503 mil.
A direção tem dito que “a aposta foi o futsal”, mas, se olharmos para os números, os ordenados estão dentro da previsão feita em junho passado.
Portanto, a pergunta é: onde foi gasto todo este dinheiro?
Destaques:
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Vigilância e segurança: +96%
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De 7 mil para 14 mil euros
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Estimativa inicial: €6.600
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A Presidente afirmou em maio de 2024 que “todas as despesas de segurança do Estádio e da Academia seriam da responsabilidade da SAD”.
O que justifica, então, este aumento?
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Deslocações e estadias: +219%
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De 19 mil para 60 mil euros
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Estimativa: €45.000
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As equipas competiram nos mesmos campeonatos — o que explica este salto?
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Gastos com pessoal: +99%
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De 26 mil para 51 mil euros
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Estimativa: €35.500
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Foram contratadas novas funcionárias, apesar de haver menos trabalho direto devido à criação da SAD.
Algumas desempenham funções também para a SAD — será o clube a suportar esses custos?
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Despesas de representação: quadruplicaram.
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Artigos de oferta: ultrapassaram os 18 mil euros.
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Rubricas “Outros” — sem explicação detalhada — somam cerca de 53 mil euros.
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E, para terminar, um exemplo que ilustra bem a falta de rigor:
A previsão para eletricidade e água era de 25 mil euros.
O gasto real? €172,40.
Conclusão
Falta planeamento.
Falta rigor na orçamentação.
E falta visão — para não dizer outra coisa.
O centro de custos é desproporcional e a transparência continua a ser um conceito muito relativo. É difícil para os sócios compreenderem toda esta estrutura; mas é fácil, para quem gere, gastar enquanto há liquidez imediata.
Outro ponto relevante: deixou de ser apresentado o indicador de solvabilidade, que mede a capacidade do clube cumprir as suas obrigações a longo prazo.
Por fim, nota-se um detalhe preocupante:
As dívidas a liquidar no próximo ano aumentaram de €574 mil para €627 mil, apesar de o saldo contabilístico ser positivo em €290 mil.
Ou seja: temos lucro no papel, mas mais dívida para pagar a curto prazo.
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Um relatório que, mais do que números, revela uma gestão sem rumo.
E um clube que parece viver à boleia do curto prazo — com cada vez menos visão e cada vez mais justificações.









