10.9.25

Comunicação do Rio Ave dá tiros nos pés: o clube que se defende mal e comunica pior



Nas últimas semanas, muito se tem escrito e debatido sobre a composição do plantel do Rio Ave. A percentagem reduzida de jogadores portugueses, somada ao aumento de atletas vindos da Grécia e de outros clubes do universo Marinakis, transformou o nosso clube num alvo fácil da crítica mediática. Jornais, páginas e adeptos rivais têm “caído” em cima do Rio Ave precisamente por este motivo.

Neste contexto, causa estranheza a forma como o próprio clube decidiu promover nas suas redes sociais a entrevista de Brabec ao Flashscore.

O central checo, recém-chegado ao Rio Ave, afirmou de forma clara e sem rodeios:
  • “O bom é que posso continuar a minha carreira grega porque há muitos jogadores gregos na equipa, incluindo o treinador”
  • “Escolhi o Rio Ave devido aos meus laços gregos”
  • “Sou fluente em grego (…) e agora só falo grego com gregos”

As declarações são genuínas do jogador e compreensíveis do seu ponto de vista individual. O problema não está em Brabec, mas sim na forma como o Rio Ave decidiu não só permitir, como até promover esta entrevista.

Num momento em que a crítica ao clube é precisamente o excesso de ligação à “colónia grega”, dar palco a uma narrativa que reforça esse rótulo parece, no mínimo, uma estratégia de comunicação mal pensada. Ao invés de procurar diluir essa perceção pública, o clube acaba por validá-la.

  1. Era necessário divulgar uma entrevista com este tipo de conteúdo, quando se sabe que a imagem do Rio Ave já está fragilizada nesse campo?
  2. Não teria sido mais prudente trabalhar a comunicação no sentido de equilibrar a narrativa, valorizando o projeto desportivo, os jogadores portugueses e a identidade rioavista?

Brabec pode estar feliz por “continuar a sua carreira grega em Portugal”. Já os adeptos do Rio Ave, legitimamente, esperam ver um clube que continue a ser português, vilacondense e com uma comunicação institucional à altura dos desafios que enfrenta.