20.9.10

Não.

Hoje acordei e como faço todas as manhãs, parei no quiosque para comprar os jornais do dia antes de levar o meu filho à escola. Entreguei, como sempre, os jornais ao miúdo e voltei para trás do volante. ‘ O Rio Ave é último, papá’, disse-me ele. Olhei para ele pelo espelho retrovisor e ele continuou ‘Tens sangue no colarinho da camisa’.

Eu nunca me corto a barbear e o Rio Ave nunca é último. Ao sinal vermelho no semáforo soltei um ‘deixa cá ver isso’. No topo da última página do Record lá estava a classificação e o Rio Ave era mesmo último. Devolvi o jornal à criança. ‘Não é nada. Estamos os dois a sonhar, descansa. Não tarda tens que acordar para ir para a escola’.
Há instantes tive comichão no rosto e cocei a pele ao ponto de levantar a casca de um pequeno corte que voltou a sangrar. Tenho mesmo sangue no colarinho da camisa. Fui à farmácia ao lado do escritório para comprar um lápis hemostático e depois de aplicado o corte parou de sangrar. Carlos Brito faz anos amanhã. Vou oferecer-lhe um lápis para estancar a malapata de resultados. O Rio Ave é último.